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Capital

Abraços e mimos para os colegas espantam medo antes das aulas

Acolhida diferente foi o jeito para acalmar a mente e mostrar que a escola é lugar de paz e segurança

Caroline Maldonado e Ana Beatriz Rodrigues | 20/04/2023 15:25
Estudantes se abraçam durante acolhida na Escola Municipal Elpídio Reis, no bairro Mata do Jacinto. (Foto: Paulo Francis)
Estudantes se abraçam durante acolhida na Escola Municipal Elpídio Reis, no bairro Mata do Jacinto. (Foto: Paulo Francis)

Bateu o sino e quem foi às escolas municipais, enfrentando a disseminação de boatos de ataques, teve um momento para relaxar e se divertir antes das aulas, no início da tarde desta quinta-feira (20). Para criar um clima de tranquilidade, diretores fizeram uma acolhida diferente com música e mensagens invocando a paz. A ação ajudou também os pais que dedicaram minutos a mais na hora de deixar as crianças e adolescentes sob os olhares dos agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana).

A Escola Municipal Elpídio Reis, no Bairro Mata do Jacinto, recebeu mais alunos de manhã. A tarde, cerca de 35% dos 700 estudantes foram às aulas, segundo a diretora Dilma Wilder. Depois que todos entraram, por volta das 13h10, os estudantes foram para o pátio.

Lá, receberam fitinhas brancas para usar como acessório e ouviram as mensagens dos diretores e coordenadores, sempre participando das reflexões sobre paz, amor, bondade, generosidade e boa educação. O foco foi deixar os alunos participarem, respondendo algumas perguntas.

Estudante mostra bilhetes com desenhos que escreveu para dar aos colegas da escola (Foto: Paulo Francis)
Estudante mostra bilhetes com desenhos que escreveu para dar aos colegas da escola (Foto: Paulo Francis)

Ao som da música A Paz, do grupo Roupa Nova, os estudantes aproveitaram para trocar mimos, se abraçar e assim foram voltando para a rotina normal de aulas. Um aluna do 8° ano distribuiu balas. “A gente estava com tanto medo, que agora fazer um carinho não dá nada né”, brincou.

A diretora conta que ficou impressionada ao ver todos se engajando na acolhida. Alguns foram de branco e outros, mesmo sem a cor combinada, pegaram suas fitinhas para marcar a data.

Essa ideia é pensada para atrair mais as crianças e voltar àquela alegria, além de compartilhar momentos legais entre os colegas. Hoje de manhã, dava para ver o quanto estavam felizes e agora à tarde também. A ideia era todos virem de branco. Foi pedido para trazerem um mimo, algo para compartilhar com os colegas, como forma de demonstrar afeto", detalhou Dilma.

Diretora da Escola Municipal Elpídio Reis, Dilma Wilder, mostra barquinhos de papel feitos pelos estudantes como mimo para a acolhida (Foto: Paulo Francis)
Diretora da Escola Municipal Elpídio Reis, Dilma Wilder, mostra barquinhos de papel feitos pelos estudantes como mimo para a acolhida (Foto: Paulo Francis)

Avó de uma estudante de 8 anos que levou uma rosa de presente para alguém, a aposentada Ângela Maria Moura Viana, de 64 anos, gostou da iniciativa da escola.

“Estávamos precisando disso. A animação que a minha neta estava eu não consigo nem descrever. Achei muito importante o que fizeram aqui hoje”, comentou. Ela disse que se mostrou indignada com a disseminação de notícias falsas que amedrontam as famílias.

Mesmo atrasado para entrar no trabalho, o açougueiro Valmir Severiano de Oliveira, de 47 anos, ficou mais um tempinho em frente à escola até que o filho, de 13 anos, fosse até o fim do corredor.

“Trago meu filho todos os dias. Ele, geralmente, desce da moto e entra, mas hoje resolvi acompanhar até a entrada. Não queria deixar ele vir, mas ele disse que queria vir, então eu trouxe”, revela o pai.

Ele conta que a escola aumentou o número de guardas nas últimas semanas, o que trouxe a sensação de segurança.

Pai de aluno, Valmir Severiano de Oliveira, em frente à Escola Municipal Elpídio Reis. (Foto: Paulo Francis)
Pai de aluno, Valmir Severiano de Oliveira, em frente à Escola Municipal Elpídio Reis. (Foto: Paulo Francis)

Com 8 anos, a filha da dona de casa Daniela Bonito, de 45 anos, chegou confiante. A mãe fez de tudo para “blindar” a menina das mensagens de violência.

“Nunca senti medo dessas ameaças e nunca passei esse desespero para minha filha, porque não acho necessário. Orientei ela, mas sem causar pânico. Eu privei ela de ficar vendo. Não deixei ver jornal e pedi para não comentarem com ela. Por conta da idade, é uma criança”, contou Daniela.

Sobre o smartphone, a mãe destacou que bastou acompanhar os acessos. “Ela tem celular para ver vídeos e redes sociais e sei o que ela está vendo e acessando. Como mãe, esse é o meu dever”, disse.

Conforme a Semed (Secretaria Municipal de Educação), a acolhida diferente foi realizada em todas as escolas da rede hoje.

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