Amigas combinam viagem para praia e acabam em casa de prostituição
Adolescentes foram encontradas em Mogi Guaçu (SP), depois de fugirem de aliciadores
Caso de rede de exploração sexual de adolescentes foi descoberto pela Polícia Civil após investigações sobre o desaparecimento de duas adolescentes, de 16 e 17 anos, em Campo Grande. Uma aliciadora teria se passado por amiga e combinado uma viagem ao litoral com as meninas, mas acabou levando as jovens para uma casa de prostituição em Mogi Guaçu (SP).
De acordo com a investigadora especializada em desaparecimentos, Maria Campos, a investigação começou no dia 24 deste mês, quando a adolescente de 17 anos, que mora no bairro Aero Rancho, desapareceu.
Ela teria dito à família que iria à casa de uma amiga na Vila Piratininga, mas a irmã mais velha alertou a mãe de que na verdade a jovem iria fazer uma viagem ao Rio de Janeiro, para ir à praia. Ao constatar que a filha não estava no local que havia dito, a mulher foi à delegacia registrar o boletim de ocorrência do desaparecimento.
Durante as investigações, a polícia descobriu que uma amiga da adolescente, de 16 anos, também estava desaparecida. Ela havia dito à mãe que ia à casa de uma amiga estudar.
Na noite desta terça-feira (29), quatro dias após as garotas sumirem, policias de Mogi Guaçu entraram em contato com a policia de Campo Grande, informando que duas adolescentes de Mato Grosso do Sul foram encontradas em um pedágio, afirmando que tinham sido exploradas sexualmente.
Viagem a praia vira pesadelo - Segundo relato das vítimas, uma mulher identificada como Aline, 22 anos, que não teve a identidade completa revelada pela polícia para não prejudicar as investigações, teria convidado as meninas para ir até o Rio de Janeiro, onde iriam para a praia, em uma viagem de fim de ano. O trajeto seria feito em um caminhão até São Paulo, com o cunhado da mulher, de 59 anos.
Antes de chegarem ao destino, as meninas pararam em um pedágio, próximo a cidade de Mogi Guaçu. No local, as adolescentes e Aline deixaram o caminhão e entraram em um carro de passeio, onde estava Dáfine, 38 anos, que também não teve a identidade completa revelada pela polícia.
Ela levou as três para uma casa de prostituição, num local ainda desconhecido. Lá os exploradores disseram que as meninas deviam R$ 3 mil a eles e que teriam que trabalhar se prostituindo para pagar a dívida.
Após passarem alguns dias na casa, desesperadas, as garotas, junto com Aline, aproveitaram uma oportunidade e fugiram do local. Elas chegaram até o pedágio, onde haviam parado antes. Lá um taxista, sensibilizado com a situação, conduziu as meninas até um abrigo, onde a policia foi acionada.
Aline é suspeita de aliciação de menores, pois partiu dela o convite da viagem as meninas, além de ter organizado o passeio. Investigações também apontam que ela pode estar envolvida no sumiço e envio de menores para exploração sexual em Bauru, Araçatuba e Campinas, cidades do interior de São Paulo.
Dáfine e o caminhoneiro também estão sendo investigados. Os três podem responder por corrupção de menores e outros crimes, que ainda estão sendo apurados.
As adolescentes relataram que foram estupradas na casa de prostituição. Elas vão passar por exame para confirmar o crime. As jovens estão sendo trazidas para Campo Grande pela Polícia Civil e por uma conselheira tutelar, e devem chegar na quinta-feira (1º).
Ninguém foi preso até o momento, segundo a polícia, por falta de provas. Aline foi ouvida e a policia está monitorando os suspeitos. A expectativa é de que, ao desvendar este caso, outros adolescentes desaparecidos sejam encontrados.
"Fiquei desesperada" - A mãe de uma das vítimas, que tem 39 anos e é autônoma, afirmou ter ficado desesperada com o sumiço da filha. “Desde o dia que ela sumiu, ela tem me ligado chorando. Eu perguntava se ela estava bem e ela dizia que estava, mas chorava muito. Acredito que ela estivesse sendo ameaçada. Foi uma angústia muito grande”, desabafou.