Antes lugar de competições e pesca, Lago do Amor revela males do desenvolvimento
Nado e pescaria eram comuns na década de 70, mas crescimento populacional e poluição erradicaram as práticas
Formado da união de águas dos córregos Cabaça e Bandeira, o Lago do Amor já foi local até para competições de nado, conforme a Arca (Arquivo Histórico de Campo Grande). Pescaria também era comum, mas com o crescimento populacional e com a poluição, essas práticas foram reduzindo até se tornarem proibidas.
A inauguração foi em 1968 como forma de atender problemas relacionados à drenagem urbana, mas também serviria de ornamento urbanístico para a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), conforme o especialista Glauber Altrão Carvalho, consultor e doutor em saneamento ambiental e recursos hídricos.
Documento de Mestrado em Ciências Ambientais de Cássia Virginia Cassanho de Oliveira, disponível online, relata que “nos anos iniciais de uso do lago, a qualidade da água era alta, o que permitia aos frequentadores se banharem no local. No entanto, a região no entorno do Lago do Amor ainda apresentava uma densidade demográfica bastante reduzida e era pequeno o número de pessoas que iam aproveitar seu tempo livre nas margens do lago”.
Passadas três décadas da construção e inauguração, é que a área onde o lago está instalado começou de fato a ser protegida, em 2003, com a regulamentação da APP (Área de Preservação Permanente) do Córrego Cabaça. Com isso, o espaço foi cercado e mais localidades no entorno, além do próprio lago, melhor preservados.
Atualmente, apesar do assoreamento e a previsão de morte do lago em 15 anos, Glauber afirma que o local funciona como um reservatório de amortecimento de cheias, “pois quando ocorre uma precipitação na bacia hidrográfica, a drenagem tende a aumentar os níveis de volume de água, podendo causar diversos problemas em seu deslocamento”.
Assim, o Lago do Amor “amortece” essas águas, reduzindo a velocidade de deslocamento da cheia. “Após diminuir esta velocidade, o reservatório tem uma saída chamada de vertedor do tipo tulipa para que a água continue seu curso natural com menor velocidade”, explica.
MORTE – A morte do lago, prevista para ocorrer em 15 anos, se mantém e segundo o consultor, vai levar muito mais vida junto. “O lago é importante tanto no aspecto paisagístico quanto como reservatório de amortecimento na drenagem, mas é preciso considerar ainda como habitat da fauna e flora de diversas espécies”.
Tanto é que capivaras, jacarés, peixes e aves dependem do espaço do lago para continuarem sua trajetória. “O cuidado com o Lago do Amor deve estar conectado com o desenvolvimento de áreas urbanas que compõem a bacia hidrográfica. Quando se faz diversas obras sem um planejamento estratégico, pode causar diversos problemas”, sustentou Glauber.
Para ele, “sendo assoreamento e poluição alguns problemas já identificados visualmente para quem faz a contemplação do lago”, outros deles são justamente a possibilidade de mortalidade de espécies que compõem o sistema.