Aos 68 anos, parte do prédio do Rádio Clube no centro vira patrimônio
A primeira sede do clube mais tradicional de Campo Grande, o Rádio Clube, agora é patrimônio histórico e cultural da cidade. O edital de tombamento do prédio, na rua Padre João Crippa, foi publicado hoje pela Fundac (Fundação de Cultura), após ser aprovado pelo Conselho Municipal de Cultura.
O prédio, construído em 1943, em pleno clima de segunda guerra mundial, foi, durante muito tempo, o ponto de reuniões sociais, festas, bailes de carnaval, formaturas, casamentos e outros eventos sociais. Tanto que a praça construída à frente virou Praça do Rádio.
Na década de 70, com o crescimento da cidade, o Rádio Clube construiu sua sede de campo, mas o prédio continuou guardando a história do clube que trouxe as ondas do rádio para a pequena cidade do então Mato Grosso.
História O Rádio Clube foi fundado no dia 25 de dezembro de 1924, quando um grupo de pessoas se reuniu na Biblioteca Pública, à Avenida Afonso Pena, para criar um centro de encontro familiar em Campo Grande. A idéia, conforme conta o site do clube, era reunir amigos para ouvir rádio, uma invenção ainda muito recente no Brasil da época.
O País respirava agitação política e ainda vivia os reflexos da primeira guerra mundial. O rádio era a única via de transmissão das notícias do mundo afora. Surgiu a idéia de se reunir para partilhar desse meio de comunicação. Um grupo de amigos se cotizou e adquiriu um aparelho-receptor, “por um conto de Réis”.
Como o som hegava com ruídos, aos poucos os jovens e adolescentes passaram a frequentar o clube não apenas para ouvir rádio, mas para dançar, ou simplesmente circular.
Surgia o tradicional clube, que, em meio à segunda guerra mundial, construiu sua sede em estilo missões.
O estilo, também conhecido como mexicano, é inspirado na arquitetura colonial hispano-americana. Ironicamente, se originou nos Estados Unidos no final do século XIX. A arquitetura das missões franciscanas da Califórnia, construídas no período em que a região era colônia do império espanhol, foi um dos principais modelos para essa tendência nos EUA, o que explica o nome.
Conforme o edital de tombamento, a medida contempla a fachada salão de festas, o piano-bar e a piscina que, conforme o texto, guardam as características da época da construção. A choperia, outro ponto bastante movimento, não está inclusa na medida.
Segundo as regras, onde houve tombamento, deverá haver preservação das características. Mesmo que o prédio seja vendido, o novo proprietário tem essa responsabilidade. Caso não tenha condições de arcar com a preservação, o Município deve ser comunicado, conforme o edital publicado.
Também é dado o prazo de 30 dias para recursos.O processo de tombamento do Rádio Clube é de 2008, e foi solicitado pelo ex-vereador Jorge Martins.