Após 8 meses, sumiço de garagista é mistério para família: "não tem resposta"
Família aguarda exames feitos em local onde garagista pode ter sido morto, mas tem esperança dele estar vivo
Enquanto espera resultados dos exames que podem comprovar se o garagista e agiota Carlos Reis de Medeiros, de 52 anos, o “Alma”, está morto, a família não perde as esperanças. Ele desapareceu há quase oito meses, quando saiu de casa, no Bairro Tiradentes, em Campo Grande. "A gente pensa ainda que ele está vivo, mas como podemos saber se não tem resposta?", questiona a filha, Sara Karoline Silva de Jesus, de 28 anos.
A resposta, segundo Sara, é referente a um exame feito no último local onde o garagista foi no dia do desaparecimento. No ferro-velho da Avenida Gunter Hans, a Perícia Técnica da Polícia Civil encontrou manchas de sangue. O laudo dessa perícia, que pode comprovar se o sangue é de Alma, ainda não está pronto.
"Falaram que acharam sangue lá, só que até agora esse exame não saiu e ninguém fala mais nada. É muito tempo, a gente não sabe o que aconteceu, não tem um corpo para velar, não tivemos nada", lamenta Sara. "Estamos tentando ficar bem, não lembrar, tem dias que são normais, mas tem outros que não conseguimos fazer nada. As crianças falam que quando o avô voltar vão pedir para levar elas no pesqueiro e passear de carro, não tenho nem o que falar, a gente não dorme mais".
O delegado Carlos Delano, titular da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), afirmou que também aguarda o resultado dos exames feitos no ferro-velho. No entanto, a polícia já adiantou: Carlos foi assassinado.
Investigação - A investigação apontou que o garagista foi morto na oficina de Thiago Gabriel Martins da Silva, conhecido como “Thiaguinho do PCC” ou "Especialista". Ele é filho de José Venceslau Alves da Silva, o "Celau", homem com extensa ficha criminal e que tinha negócios com o garagista.
Em um áudio obtido pela polícia, “Alma” teria revelado ter "despejado bastante dinheiro desse velho na praça", se referindo a "Celau", que morreu em 2020.
Thiago estava preso por homicídio, progrediu para regime aberto e passou a cobrar do agiota o valor emprestado a juros, que seria de Celau e que por "herança" teria direito. Sem retorno, planejou recuperar o montante de outra maneira.
Na data do desaparecimento, conforme apurado pela DEH, o garagista foi atraído até a oficina do rival, que havia vestido disfarce de amigo, para "tratar de negócios". Na empresa, localizada na Avenida Gunter Hans, em Campo Grande, teria havido uma discussão e então, “Alma” foi executado com aproximadamente três tiros “em pleno horário comercial”.
Para a polícia, o corpo foi esquartejado e levado a lugar, ainda desconhecido, em uma caminhonete de cor prata. Thiago teria chamado todos os funcionários e afirmado que "quem abrisse a boca teria o mesmo fim".
Contra o principal suspeito, ainda pesa mandado de prisão temporária expedido pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, em 1º de fevereiro, com validade até 29 de novembro de 2041.
Investigações - Ao longo das apurações, três pessoas foram presas, mas "Thiaguinho do PCC", apontado como a pessoa que arquitetou o assassinato, está foragido. O irmão dele, Rodrigo José, chegou a ser preso, mas conseguiu liberdade.
Também teria participado do crime Pedro Henrique Dias da Conceição, interrogado na presença de advogado e colocado em liberdade no dia 15 de março. Vitor Hugo de Oliveira Afonso, conhecido como “Primo”, foi apontado pela polícia como o responsável pelo esquartejamento e sumiço do corpo do garagista.