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Capital

“Inútil”, diz delegado sobre rastrear celular do investigado na morte de “Alma”

Defesa de irmão do principal suspeito de assassinato quer dados para "tirar cliente da cena do crime"

Anahi Zurutuza | 24/03/2022 18:55
Policiais chegando ao Cepol (Centro Especializado de Polícia Integrada) em dia de operação para buscas e prisões durante a investigação do assassinato (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Policiais chegando ao Cepol (Centro Especializado de Polícia Integrada) em dia de operação para buscas e prisões durante a investigação do assassinato (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Para o delegado Carlos Delano, titular da DEH (Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes de Homicídio), “serão inúteis” os dados das operadoras de telefonia para rastrear celular apreendido com Rodrigo José Martins da Silvia, 19, um dos investigados por envolvimento no assassinato do garagista e agiota Carlos Reis de Medeiros, o “Alma”. O responsável por investigar o plano do irmão de Rodrigo para matar e recuperar “herança roubada” se manifestou, nesta quinta-feira (24), em processo aberto pela defesa do suspeito pedindo a produção de provas.

O delegado argumenta que o investigado pode ter trocado inúmeras vezes de aparelho e chip telefônicos entre a data do desaparecimento do garagista – em 30 de novembro do ano passado – e a que Rodrigo foi preso, em 22 de fevereiro deste ano. Delano afirma ainda que o advogado Bruno Ghizzi não apresentou qualquer prova de que o cliente usava o mesmo celular nas duas “ocasiões”. “A suposição de que era o mesmo não tem lastro de prova alguma além da alegação do próprio Rodrigo, por seu procurador”.

Delegado Carlos Delano durante entrevista (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Delegado Carlos Delano durante entrevista (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

A linha de raciocínio do delegado vai além. “Mesmo se fosse o mesmo aparelho, sabe-se que aquele que conscientemente põe-se a participar de uma empreitada criminosa busca evitar deixar rastros, Pode Rodrigo tê-lo deixado na casa de um amigo, em sua própria casa ou tê-lo até posto em carro de alguém que sabia que viajaria para outra cidade. Como saberemos se ele usava outro telefone concomitantemente, com outro número registrado em nome de terceiro? Não saberemos. Deste modo, há que se reconhecer que os dados que virão das operadoras de telefonia serão inúteis para demonstrar a localização de Rodrigo à época do fato”.

Na manifestação, Delano ainda registra o que considera “ato falho” do suspeito, por meio de sua defesa. Na petição, o advogado pretende que o juiz determine que a polícia rastreie o celular do cliente “com o fim de comprovar que o mesmo não se encontrava no local dos fatos e hora do crime”.

Para o delegado, a “derrapada” revela que o investigado, apesar de negar qualquer envolvimento na morte de “Alma”, conhece detalhes “do fato investigado, o qual qualifica como crime, do qual sabe o local em que foi praticado, bem como o dia e local em que foi levado a cabo”.

O advogado Bruno Ghizzi diz que vai provar a inocência do cliente e ressalta que embora a polícia investigue um homicídio, “até o presente momento, Carlos Reis segue desaparecido, sem qualquer prova de sua morte pela DEH”.

Carlos Reis não é visto desde o dia 30 de novembro de 2021(Foto: Facebook/Reprodução)
Carlos Reis não é visto desde o dia 30 de novembro de 2021(Foto: Facebook/Reprodução)

Prisões e investigação – Para a polícia, seis pessoas têm envolvimento no assassinato do garagista, que teria acontecido na oficina de Thiago Gabriel Martins da Silva, conhecido como “Thiaguinho do PCC” e irmão mais velho de Rodrigo.

Ao longo das apurações, três pessoas foram presas, mas o suposto arquiteto do plano está foragido. Além do irmão de Thiago, Pedro Henrique Dias da Conceição foi interrogado na presença de advogado e colocado em liberdade no dia 15 de março, segundo o delegado, porque mantê-lo preso não era mais essencial. Vitor Hugo de Oliveira Afonso, conhecido como “Primo”, apontado pela polícia como o responsável pelo esquartejamento e sumiço do corpo do garagista, continua na cadeia, porque já era foragido da Justiça do Acre. Rodrigo foi solto ontem (23).

"Thiaguinho PCC", que também é conhecido como "Especialista", é filho de José Venceslau Alves da Silva, ou "Celau", homem com extensa ficha criminal e que tinha negócios com a vítima. Em um áudio obtido pela polícia, “Alma” teria revelado ter "despejado bastante dinheiro desse velho na praça", se referindo a "Celau", que morreu em 2020.

Thiago estava preso por homicídio, progrediu para regime aberto e passou a cobrar do agiota o valor emprestado a juros, que por "herança" teria direito. Sem retorno, ele planejou recuperar o montante de outra maneira.

Na data do desaparecimento, conforme apurado pela DEH, o garagista foi atraído até a oficina do rival, que havia vestido disfarce de amigo, para "tratar de negócios". Na empresa, localizada na Avenida Gunter Hans, em Campo Grande, teria havido uma discussão e então, “Alma” foi executado com aproximadamente três tiros “em pleno horário comercial”.

Para a polícia, o corpo foi esquartejado e levado a lugar, ainda desconhecido, em uma caminhonete de cor prata.

Thiago teria chamado todos os funcionários e afirmado que "quem abrisse a boca teria o mesmo fim". Contra o principal suspeito, ainda pesa mandado de prisão temporária expedido pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, em 1º de fevereiro, com validade até 29 de novembro de 2041.

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