Após contradição, polícia faz reconstituição do caso de garoto morto por vizinha
Autora diz que disparo foi acidental, mas já deu três versões sobre onde estava a vítima
O homicídio de adolescente de 17 anos, morto com tiro no olho esquerdo pela vizinha na madrugada de 2 de setembro, em condomínio no Jardim Canguru, tem reprodução simulada na manhã desta sexta-feira (dia 23), em Campo Grande.
O caso, registrado como homicídio culposo (sem intenção de matar), registra uma série de versões. A mulher de 44 anos, autora do disparo, já disse que o adolescente foi atingido em três situações diferentes: em pé, sentado e deitado na cama. Elianete Ramona Monteiro está presa desde o crime e alega disparo acidental.
Mãe da vítima, Sirlene Soares de Castro, que segue morando no condomínio e acompanha o trabalho da perícia, conta que aquele dia não sai da sua cabeça e espera que a verdade apareça. “Quando entrei na casa, encontrei meu filho caído no quarto. Eu pedia para chamar socorro. Mas a mulher gritou, lá da sala, que não era para chamar o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] coisa nenhuma”.
Ela diz que seu coração de mãe alerta que o filho sabia de algo. “Meu filho nunca desrespeitou ninguém, eu sou mãe. Sei quem eu criei. A única coisa que eu quero é que ela tenha decência de falar a verdade, por mais dolorida que seja”, desabafa.
Ainda sobre o adolescente, a mãe afirma ele era querido no condomínio e que o único defeito era não saber dizer não. Na manhã do dia anterior ao crime, ajudou a carregar as compras da vizinha autora do disparo.
O adolescente era diagnosticado com a doença de legg-calvé-perthes, enfermidade que interfere na placa de crescimento dos ossos, causando dores no quadril e dificuldade para andar.
Estou à base de remédios. É assim que estou vivendo a minha vida. Não durmo, não como, eu só quero a verdade. Já que ela foi mulher de atirar em uma criança especial, que seja mulher para contar a verdade. Meu coração está disposto a perdoar, mas não agora, quem sabe um dia”, diz a mãe.
Contradições – A advogada Bruna Garcia, que representa a família do adolescente, destaca que já foram dadas três versões sobre o disparo do revólver calibre 38.
“Primeiro, ela falou que estava deitada do lado dele. Depois, fala que ele estava de pé. Depois, que estava sentado na cama. A cena do crime, propriamente dita, está muito controversa. A autora diz que quem chegou primeiro na casa foi um vizinho. Mas a mãe da vítima garante que foi ela quem chegou primeiro”, afirma.
A defesa também aponta que houve falhas, além de não preservar o local do crime. Segundo ela, o vídeo da câmera de segurança do condomínio mostra barulho de tiro à meia-noite e cinco minutos. Mas a mulher só chamou ajuda à 1h58, horário que consta no laudo necroscópico.
“Só esse lapso temporal já é uma falha gigante. O celular da acusada não foi apreendido, não foi periciado. Tem muitas lacunas. A denúncia foi feita como homicídio culposo, mas os autos nos leva a crer que tem alguma coisa escondida”.
A autora já tem passagens por sequestro e cárcere privado, além de algumas ocorrências de tráficos de drogas e roubo.
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