Após suposto erro, idoso só foi internado com intervenção policial
Depois de aguardar 8 horas por uma vaga no Hospital Universitário de Campo Grande, o idoso Sebastião Nogueira da Silva, 62 anos, só conseguiu atendimento depois que a família acionou a polícia. Ele morreu na madrugada de hoje (22), aproximadamente 20 minutos após ser internado no HR (Hospital Regional).
O paciente de Costa Rica, distante 305 quilômetros, chegou a Capital às 16h30, após enfrentar uma viagem de quatro horas e meia. Conforme o delegado Hoffman D'ávilla, que atendeu a ocorrência, a família procurou a delegacia por volta das 22h relatando que o idoso respirava com ajuda de aparelhos e estava dentro da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) móvel, do lado de fora da unidade esperando um leito.
Se a viatura fosse desligada ou o combustível acabasse, o idoso morreria, pois dependia do aparelho para continuar respirando. A vítima chegou a ter uma parada cardíaca dentro da ambulância e foi reanimada pelos socorristas.
A autoridade policial, então, foi até o hospital para verificar a omissão de socorro e, em contato com o médico plantonista, foi informada de que não tinha vaga. A falha teria ocorrido na Central de Regulação de Vagas. Porém, depois de 10 minutos que o delegado estava na unidade, surgiu um leito no Hospital Regional.
Segundo o delegado, o caso não configura como omissão de socorro, porque o idoso conseguiu atendimento. Porém, os familiares podem registrar boletim de ocorrência para que seja investigada a demora, que acabou resultando na morte do paciente. “Até porque a filha da vítima estava com uma guia de internação, documento que informava a liberação da vaga”, detalha Hoffman.
Desespero - O paciente deu entrada ontem (21) às 8h no Hospital de Costa Rica com insuficiência respiratória e renal. O estado de saúde de Sebastião era grave e ele precisava de um leito no CTI (Centro de Terapia Intensiva). “Nós não temos CTI na cidade, por isso ele foi estabilizado e entubado para conseguir chegar à Capital”, explica a secretária de Saúde de Costa Rica, Adriana Tobal.
Então, a equipe médica, em uma UTI Móvel, foi autorizada pela central, por volta de meio-dia, a encaminhar o paciente para o Hospital Universitário. Mas ao chegar, às 16h30, foram informados pela direção do HU que não havia condições de interná-lo por falta de local adequado.
O ar condicionado do veículo já não funcionava mais, e a ambulância ficou com as portas abertas, por causa calor. “Ele só veio porque tinha a vaga disponível. Chegou aqui e aconteceu toda essa confusão. A polícia quase deu voz de prisão para o médico do HU, por omissão de socorro. Mas em seguida o Estado conseguiu a vaga no HR. Infelizmente ele faleceu logo após dar entrada", lamenta Adriana.
O Campo Grande News entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretária Estadual de Saúde, órgão responsável pela Central Estadual de Regulação, que ficou de se inteirar do caso para emitir um posicionamento.