Asfalto chega e famílias comemoram fim de transtornos por 30 anos
Obras de asfalto e drenagem em sete bairros de Campo Grande estão saindo do papel e colocando fim a espera superior a três décadas dos moradores por infraestrutura básica. As ações somam investimento de R$ 127,5 milhões de R$ 311,7 milhões, financiados pelo PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento).
Na Mata do Jacinto, onde são realizadas cinco etapas, pai e filho relembravam histórico de dificuldades onde no passado foi uma favela.
“Não tinha nada aqui quando cheguei em 1984, era uma favela. Água nós tínhamos que buscar de balde em área perto do Parque Sóter. Até cheguei a pensar, diante das promessas, que não ia ver minha rua asfaltada”, conta Raimundo Alves Govea, 83 anos. Um dos cinco filhos, o pedreiro Eurídes Ávila Govea, 36, completa que na Rua Areti Deligiorges Vavas ainda faltam alguns trechos de asfalto e calçada, mas o cenário de “caos” já não existe.
José Neri, 82, e a esposa Nedir Barbosa de Oliveira, 73, também foram beneficiados com a criação do residencial na década de 1980. Na época ele vendia roupas e ela lavava roupa de peões de uma empresa de sementes para criar os 12 filhos, que agora podem levar os 28 netos e18 bisnetos sem precisar enfrentar buracos e pedras no caminho.
O tempo médio de espera contra a “buraqueira”, inclusive, foi medido pela idade do filho caçula do serralheiro Valdir Fraga, 60. “Ele faz 27 anos em agosto. A chuva tem atrapalhado, mas agora o asfalto sai”.
Conforme o prefeito Gilmar Olarte (PP), as etapas realizadas na região tem por objetivo corrigir falhas antigas, onde foram criadas verdadeiras “ilhas” em um bairro já pavimentado.
A aposentada Maria do Carmo Flores, 66, ainda usa a máxima de São Tomé, do só acredito vendo, toda vez que cede água aos trabalhadores das obras no Jardim Bellinate. “O IPTU veio um pouquinho mais salgado, mas quero ver resultados”. Estes, orçados em R$ 4,4 milhões, tiveram a fase de drenagem concluída na semana passada e, se o tempo ajudar, se prevê que máquinas comecem a operar ainda hoje.
Para o estudante Bruno Santana, 14, será um alívio poder chegar à escola sem precisar levar panos na mochila para limpar o tênis sujo pelo lamaceiro. Já a mãe e agente de asseio, Cristiane Santana, 36, terá sossego com o fim dos buracos e poeira que tomam a casa em que moram há três anos após mudança de Corumbá. “Aqui é bom para conseguir emprego e só faltava mesmo o asfalto”.
De acordo com as regras do PAC, todo bairro que receba investimento financiado pela Caixa Econômica Federal deve ter, como primeiro passo, a instalação de rede de esgoto. Os projetos ainda preveem a construção de calçadas, com itens de acessibilidade.
Operada pela concessionária Águas Guariroba, a rede de esgoto foi finalizada em frente à residência da promotora de vendas, Bruna dos Santos, 22, no bairro Maria das Graças, região do Alto São Francisco. “Estão bem empenhados e já posso pensar em aposentar as sacolinhas no pé, em dias de chuva, quando o asfalto chegar”.
Por outro lado, a crise econômica assusta o construtor e mecânico Valdecir Porto, 54, em relação à continuidade das obras. Um irmão em Nova Andradina teria vivenciado isso, o que Olarte descarta possibilidade de ocorrer na Capital, uma vez que o recurso está assegurado e liberado desde o ano passado.
Em seus pronunciamentos oficiais, o prefeito assegura que a crise será contornada pelo fato de que “este ano Campo Grande vai viver um verdadeiro canteiro de obras”.
Além da Mata do Jacinto, Jardim Bellinate e Alto São Francisco, as frentes de trabalho contemplam as regiões do Atlântico Sul, Jardim Seminário, Portal Panamá e Sírio Líbanês.