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Capital

Assassino diz que matou "impura" e a deixou em posição de cruz para ficar famoso

Frio, segundo delegada, durante depoimento, Sérgio Guenka dava risada e após crime, saiu para comprar salgado

Por Ana Beatriz Rodrigues e Geniffer Valeriano | 23/04/2024 16:17
Delegada Elaine Benicasa titular da Deam (Foto: Paulo Francis)
Delegada Elaine Benicasa titular da Deam (Foto: Paulo Francis)

Na tarde desta terça-feira (23), a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher) detalhou o cenário de horror encontrado na casa de Sérgio Guenka, de 52 anos, que assassinou de forma brutal Cristiane Eufrásio Millan, de 42 anos. Após ser morta com mais de 36 facadas, a vítima foi colocada em forma de cruz pelo autor.

O crime aconteceu na manhã do último sábado (20) na Avenida Presidente Vargas, em Campo Grande.

Em depoimento, Sérgio quis deixar claro que posicionou o corpo daquela forma porque quis e, mesmo sem ser questionado, garantiu que não queria ser comparado com o “Maniaco da Cruz”, criminoso que matava as vítimas e posicionava da mesma forma. “Ele disse que deixou o corpo daquele jeito propositalmente e queria chamar a atenção do crime para ele, e que gostaria de ser 'famoso' por essa hediondez cometida”, pontuou a delegada titular da Deam, Elaine Benicasa.

Sérgio em viatura, após prisão no local do assassinato.
Sérgio em viatura, após prisão no local do assassinato.

Benicasa contou que por várias vezes durante o depoimento Sérgio dava risada. Ele contou que já havia se encontrado com a vítima três ou quatro vezes antes de matá-la, o que deixa claro para a investigação que o assassino premeditou o crime.

Na delegacia, o homem que garante sofrer de esquizofrenia e transtornos psicóticos contou que decidiu tirar a vida da acompanhante porque ele chegou à conclusão que ela seria uma mulher impura e que a Bíblia falava sobre isso. “Diz que elas não devem sobreviver nessa terra”, disse Sérgio em depoimento, segundo a delegada.

A responsável pelo caso ainda contou que o fato dele ir ao Caps (Centro de Apoio Psicossocial) somente na segunda-feira pela manhã foi algo pontual. “Pode ser que ele já tenha sido atendido pelo Caps, mas não fazia acompanhamento lá”, afirmou.

A dinâmica - “Ele nos disse que mantiveram relação sexual e que em seguida, ele vai à cozinha, pega uma faca e desfere o primeiro golpe no pescoço. Cristiane tenta fugir, chega até a porta e se confunde com as chaves, ela cai no chão, o autor pega ela e desfere mais golpes de facas. Mais de 36 lesões foram encontradas na vítima. Foram utilizadas duas facas, conforme ele nos conta, mas até o momento encontramos apena uma. Em seguida, passa os dois dias com o corpo na sala da casa e segue sua rotina normal, ele saiu para comprar salgados após o crime”, descreveu a delegada.

Garagem da casa do assassino, onde garota de programa foi morta (Foto: Henrique Kawaminami)
Garagem da casa do assassino, onde garota de programa foi morta (Foto: Henrique Kawaminami)

O cenário – Bastante espantada com a situação que a casa foi encontrada, Benicasa detalhou que o local era totalmente insalubre. “Tinha muita sujeira, resíduo de alimento, resíduos fecais, muitos roupas espalhada pelo local. Não tem água na residência”, relembrou. “No local se encontravam vários objetos relacionados à religiosidade, como bíblias e crucifixos”, finalizou.

Elaine disse que tudo na residência era muito específico com o que ele dizia, tendo repetido várias vezes sobre ter que tirar a vida das mulheres de programa por considerá-las impuras.

“Ao mesmo momento que ele demostra loucura, ele demostra frieza, premeditação. A forma que ele coloca o corpo para causar impacto na mídia, são várias nuances que ele nos deixa de certa forma estarrecidas”, pontua a titular da Deam.

Movimentação da PM após a descoberta do corpo. (Foto: Paulo Cruz)
Movimentação da PM após a descoberta do corpo. (Foto: Paulo Cruz)

Testemunhas – Durante a investigação, um vizinho contou que viu quando Cristiane entrou na casa no sábado de manhã e que em seguida escutou uma música bem alta. “O som ficou no último volume, e ouviu gritos, mas a testemunha se defendeu dizendo que nunca imaginou que a mulher estava sendo esfaqueada ali”, disse Elaine durante a coletiva.

Sérgio foi preso em flagrante por ocultação de cadáver e responderá pelo crime de feminicídio.

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