Bancários distribuem hot dog para ironizar “cachorrada dos banqueiros”
Com trocadilho e cachorro quente, trabalhadores pedem melhores salários e lutam contra precarização no setor
Com trocadilho e cachorro quente, bancários fazem protesto contra precarização no setor e desvalorização da categoria, nesta segunda-feira (19). O ato foi chamado de “cachorrada dos bancos” e acontece em todo território nacional. O objetivo é pressionar as maiores instituições financeiras do país para que ofereçam melhores salários e condições de trabalho adequadas.
Em Campo Grande, a mobilização pacífica acontece em frente ao Bradesco, localizado na esquina das avenidas Afonso Pena com a Calógeras. O ato teve início às 8h30 e segue até às 11h. No local é oferecido o alimento de forma gratuita para quem quiser participar da ação simbólica. São, em média, 300 unidades. Além dos cachorros-quentes há também refrigerante e água.
Conforme o SEEBCG-MS (Sindicato dos Bancários de Mato Grosso do Sul), os bancos têm prejudicado, tanto os profissionais quanto a população, devido ao fechamento de agências, demissões e falta de efetivo.
Há dois meses, a categoria bancária está em negociação com a Fenaban (Federação dos Bancos) e reivindica reposição da inflação e aumento real de 5% nos salários, na PLR (Participação no Lucro dos Resultados) e demais verbas econômicas da Convenção Coletiva de Trabalho dos Bancários.
Vicente Cleber Aires Rodrigues, secretário geral do sindicato explica que em 2023, os cinco maiores bancos do Brasil, juntos, tiveram um lucro de R$ 108,6 bilhões e que nos últimos 10 anos, o lucro deles cresceu 169% acima da inflação e da rentabilidade média do setor.
“Os bancos acumulando lucros e em busca desse lucro os bancários adoecendo, perdendo seus empregos, a população sendo prejudicada e esse é o quadro. Então nós, essa mobilização tem como pauta esses itens e também é um ano de reajuste dos bancários. Nós estamos pleiteando aumento real de salário e condições melhores de trabalho. A cachorrada foi uma forma que nós achamos de chamar a atenção da população para conscientizar”.
Segundo o presidente do sindicato, Rubens Jorge Alencar, um levantamento do Dieese, apontou que o setor bancário fechou, em todo país, cerca de 6 mil postos de trabalho em 2023 e, desde 2019, encerrou mais de 3 mil agências bancárias.
"É inadmissível que os bancos, enquanto amontoam lucros bilionários, promovam o desmonte do atendimento bancário no país. O fechamento de agências e as demissões em massa são um ataque direto à população, especialmente àqueles que mais precisam dos serviços bancários. É preocupante ver um setor tão importante, que obtém lucros exorbitantes ano após ano, não dar sua contribuição para a manutenção do emprego no país”.
Como ficam os atendimentos nas agências?
O sindicato ressalta que não será interrompido o atendimento ao público nas unidades em que a ação acontece. Portanto, os serviços continuam operando normalmente nos locais nesta segunda-feira, com caixas eletrônicos disponíveis e atendimento ao público a partir das 11h.
“Não vamos fechar as agências porque isso prejudicaria ainda mais a população. Quem conhece Campo Grande sabe tanto da agência que tinha e das poucas que restam funcionando. No interior, por exemplo,imagina os aposentados terem que receber seus benefícios, ter que se deslocar para outras cidades para receber a prestação do serviço bancário”.
José dos Santos Brito Filho, secretário de finanças do sindicato acrescenta que os bancários são 1% dos trabalhadores brasileiros, mas que os bancos correspondem a 25% das licenças no INSS.
“São afastamentos causados por doença, pelo estresse, pela síndrome de Burnout, por uma série de problemas psicológicos, adoecimento. Tem bancários internados na clínica de recuperação por problemas mentais causados pelos banqueiros e os banqueiros só visam lucro. Eles estão dizendo que não têm condições de dar aumento para a categoria porque a concorrência deles está muito alta e aí eles não têm condições”.
Bancos digitais - Segundo José a estratégia dos bancos é migrar para o digital, o que diminui a quantidade de pessoas em agências físicas e consequentemente, o número de bancos nas cidade, além da redução de funcionários.
“Estão investindo bilhões nos bancos digitais para poder tirar toda essa clientela de dentro das unidades e o próprio cliente se auto atender. Além de ele pagar a tarifa para os bancos, ele tira o emprego dos bancários, porque ele não vai precisar ir ao banco. Os jovens não têm conta em banco físico, por exemplo".
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