Bioparque abre hoje as portas com 5 milhões de litros de água e 60 mil peixes
Após atravessar 11 anos, com direito a três nomes, obra chega ao fim com custo de R$ 230 milhões
Ao ver a movimentação em frente a gigante elipse do Bioparque Pantanal, a menina Alana, 5 anos, não titubeia e arrasta a mãe até ao portão para saber quando começa a visitação. “Ela quer ver os peixes”, conta Adelina Pinto de Bairros, de 50 anos.
Mas a curiosidade chega ao fim nesta segunda-feira. Depois de atravessar 11 anos, com direito a três nomes, o espaço de visitação e pesquisa abre as portas para um universo de 5,2 milhões de litros de água, 60 mil peixes e custo de R$ 230 milhões.
No reino das águas, por enquanto, nadam 20 mil peixes. O povoamento passa por uma etapa de maturação. Logo na entrada, num aquário de 35 toneladas, com 6 metros de altura de oito de comprimentos, pacus exibiam um balé aos visitantes.
No circuito dos aquários, tanques que se estendem do chão ao teto se assemelham a grandes telas. Passando para cá e lá para cá, os peixes são presença garantida para quem quiser registrar a visita ao Bioparque Pantanal com selfies.
No maior dos tanques, um túnel com cúpula de sete metros de altura, por onde se espalham 1,2 milhão de litros de água, coloca o visitante dentro de um rio. A água ainda passava por tratamento de ozônio na tarde de domingo. Mas ficará cristalina para exibir o nado dos pirarucus, um dos maiores peixes de água doce do mundo. O Bioparque Pantanal também tem 15 jacarés e uma sucuri de três metros
De acordo com o coordenador do Laboratório de Ictiologia do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), Heriberto Gimênes Junior, o povoamento dos 60 mil peixes será concluído dentro de seis meses. Apesar de a casa nova finalmente ter ficado pronta , o laboratório, há sete anos moradia dos animais, seguirá na ativa, com trabalho de pesquisa e reposição.
Visitas – O Bioparque Pantanal abre as portas hoje, inicialmente para visitação de alunos de escola pública. Em maio, será a vez do público em geral, com visita guiada. A entrada será gratuita até 31 de dezembro.
Os visitantes vão agendar o passeio por meio de um site, ainda em construção pelo SGI (Superintendência de Gestão de Informação).
O público vai passar pelo auditório, biblioteca, conhecer os mascotes do Bioparque, representativos da fauna do Estado: jacaré, onça-pintada, capivara, tuiuiú. Na sequência, surgem museu com animais históricos, incluindo esqueleto de uma preguiça gigante, museu interativo, galeria dos aquários e laboratórios.
A expectativa é público diário de 300 pessoas, sendo 150 pela manhã e a outra metade à tarde. De acordo com o titular da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck, a meta é atrair 300 mil visitantes por ano.
O objetivo é incluir o Bioparque no roteiro de quem vem a Campo Grande a negócios e também quem chega à Capital antes de rumar para Bonito e Pantanal, conhecidos destinos turísticos de MS.
A saga – Lançado em 2011 pelo então governador André Puccinelli (MDB), a obra nos altos da Avenida Afonso Pena deveria custar R$ 84 milhões. Naquela época, seria chamado Centro de Pesquisa e de Reabilitação da Ictiofauna Pantaneira, depois virou Aquário do Pantanal, para, por fim, ser grafado como Bioparque Pantanal.
Em 2015, no curso da operação Lama Asfáltica, deflagrada pela PF (Polícia Federal), o empreendimento foi colocado numa frenética negociação para que a obra trocasse de mãos e ganhasse aditivo de R$ 21 milhões na gestão de Puccinelli.
A saga da obra foi lembrada pelo titular da Seinfra (Secretaria Estadual de Infraestrutura), Eduardo Riedel.
“Houveram as judicializações que levaram à paralisação das obras em 2016. Ficamos destravando todos esses processos e, em 2018, conseguimos equacionar. Pelo volume de recurso aplicado, não poderíamos admitir uma obra sem conclusão. Foi um esforço muito grande. Um feito de engenharia, de arquitetura. MS ganha com esse importante passo que nós demos”, afirma Riedel.
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) também destacou o esforço para que a obra não virasse mais um elefante branco. Aliás, no Bioparque Pantanal, o único elefante é cinza e fica no tanque da África.
“O Brasil é feito de uma enormidade de elefantes brancos inacabados. Seria muito ruim deixar uma obra com essa complexidade inacabada. As questões de cunho legal, se houve desvio, quem verifica é a Justiça. Se houve algo errado, se alguém usufruiu de dinheiro público indevidamente, a Justiça no seu devido momento vai concluir. Tanto que mostra a grandeza que a gente tem é que eu mesmo fiz questão de ligar para o ex-governador que iniciou a obra e disse a ele, vou colocar seu nome na placa e você é um dos convidados para ir na inauguração.”
No auditório para 200 pessoas, a cadeira com o nome de André Puccinelli já está reservada e fica ao lado do também ex-governador Marcelo Miranda. Na abertura nesta segunda-feira de ano eleitoral, a classe política é esperada em peso.
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