Caso de menino espancado pelo pai por ser gay cria polêmica no Facebook
O caso do adolescente de 16 anos, espancado pelo pai pecuarista na segunda-feira (29), em Três Lagoas, ainda repercute nas redes sociais, principalmente no Facebook. O usuário Ailton Cardoso Paixão, compartilhou a matéria de um site da região sobre o caso, no sábado às 08h19, com a uma frase incitando a violência. No post a seguinte mensagem “O VIADINHO FICOU IGUAL A UMA ZEBRA TODO MALHADO KKKKKKKKKKKKKKKK”.
Como compartilhou de forma publica (clique aqui para ver), várias pessoas que não são amigas do rapaz dono do perfil postaram suas respostas indignadas com a posição de Ailton. E acredite se quiser, outras pessoas e amigos de Paixão replicaram com duras críticas a homofobia.
“Pronto, estão se sentindo mais machos agora??? Pois pra mim vcs não passam de uns bostas! Achar bonito o menino ser espancado só prova o qto são incomodados com a vida alheia e isso é coisa de desocupados heim! Pai imbecil e quem acha motivo de riso ou orgulho uma coisa dessas, não passa de frouxo!”, respondeu ao post a internauta Lenny Ferreira.
“Isso deve deixa-los mais confiantes com sua masculinidadezinha de bosta! Pessoas que não tem noção e tão pouco compaixão do ser humano! Mediocres e imbecis!!! Mas asinda acho que mesmo tendo apanhado esse garoto é mais HOMEM QUE VOCÊS QUE FAZEM CHACOTA COM ESSE CASO GROTESCO!”, postou Neto D'Oxum.
Várias pessoas inconformadas com a série de ofensas aos homossexuais estão discutindo desde que o link foi compartilhado. Um dos usuários mais revoltados é jornalista e artista plástico Luciano Wolff, que em certo ponto da discussão chegou a ser ameaçado e teve seu perfil “avaliado” pelo homofóbico.
“Luciano Wolff CARA VC TA MUITO NERVOSO ENTAO DEI UMA OLHADA NO SEU PERFIL VI SUAS FOTOS E SEU TRABALHO , ENTAO TA ESPLICADO A SUA DOR , VC TAMBEM E VIADO . MAIS BLZ O C** É SEU FAZ O Q VC ACHAR MELHOR”, replicou o dono do perfil Ailton Cardoso.
Um parente de Luciano, Wallimann Wolff avisou sobre o amparo que a lei oferece em casos de ameaças e incitação a violência. “Incitação ao crime Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. Apologia de crime ou criminoso Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime: Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa”, postou os artigos.
A presidente da ATMS (Associação das Travestis de Mato Grosso do Sul) Cris Stefanny se pronunciou no post: “Ailton Cardoso Paixão, não basta ser homossexual para se ofender com uma covardia sem tamanha como esta, a qual foi pratica por um pai desequilibrado e HOMOFOBICO. A sua atitude mostra sua frustração em relação a sua própria sexualidade, o que vc fala e mostra, é que vc é um ser também desequilibrado, um bárbaro enlouquecido e furioso que não respeita as pessoas e suas sexualidades, mas não te espante porque o castigo divino não vem mais a galope vem a avião hoje em dia, pode ter certeza que se esta sua atitude não for um reflexo de homossexualidade enrustida, no minimo logo vc terá descobertas de alguém de sua família que seja homossexual, e quero ver se vai também espancar, pois se sim adoraria ver vc também na cadeia por suas atitudes imundas”, disse a presidente.
A presidente afirmou que vai juntar provas contra Ailton e outras quatro pessoas que fizeram comentários ofensivos sobre o caso. Eles serão denunciados ao MPE (Ministério Público Estadual). “Homofobia pode não ser crime ainda no Brasil, mas incitar a violência é crime seja com qualquer pessoa, ninguém tem direito de ameaçar. Além do dono do perfil pelo menos outros quatro serão denunciados no Ministério Público”, avisa Cris.
Lembrando - O caso que está repercutindo no Facebook é sobre o adolescente espancado em Três Lagoas, o pai, um pecuarista reagiu com violência ao descobrir que ele é homossexual.
Além de agredi-lo e tentar trancá-lo em um quarto sem energia elétrica, o homem dizia batendo na cara do menino que ‘gay’ tem que apanhar mesmo, que é lixo, vagabundo e que iria tirar o diabo do corpo dele com a unha.
O delegado da 1ª Delegacia de Polícia Civil, Paulo Henrique Rosseto de Souza, indiciou o produtor rural por injúria e tortura, crimes que foram motivados exclusivamente por homofobia. “Esse caso levanta uma discussão para a questão que já deveria ter sido superada há muito tempo. Felizmente o caso não acabou em morte”, destaca o delegado.