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Capital

Catadores fecham BR pela 4ª vez em protesto para reabrir o lixão

Aline dos Santos e Viviane Oliveira | 21/03/2016 12:27
Protesto voltou a fechar rodovia nesta segunda-feira. (Foto: Fernando Antunes)
Protesto voltou a fechar rodovia nesta segunda-feira. (Foto: Fernando Antunes)
João Alves reclama que catadores foram esquecidos. (Foto: Fernando Antunes)
João Alves reclama que catadores foram esquecidos. (Foto: Fernando Antunes)

Catadores interditam a BR-262, em frente ao lixão de Campo Grande, em protesto contra o fechamento do local e a queda na renda diária. A rodovia já havia sido fechada outras três vezes, sendo a última no sábado. A via foi bloqueada com tapumes, galhos de árvores e até uma máquina de lavar roupas. O protesto começou às 8h desta segunda-feira (dia 21) e, ao meio-dia, só tinha dois caminhões parados. Os demais fizeram o retorno ou foram orientados a evitar o trecho, que leva às saídas de Sidrolândia e São Paulo.

Segundo Luís Furlan Berrocal, 34 anos, o material disponível na UTR (Usina de Triagem de Resíduos) foi suficiente por apenas três dias. “Até cabe as pessoas, mas não tem material. Tira muito pouco por dia. O mínimo no lixão era de R$ 100. Na UTR, consegue fazer R$ 25 por dia”, diz. Segundo ele, são três turnos no local, das 7h às 13h; das 13h às 19h; e das 19h a 1h.

João Alves, 39 anos, reclama que o prefeito Alcides Bernal (PP) esqueceu os trabalhadores. “O prefeito deve estar jogando contra nós. A maioria votou nele. A gente chama o prefeito para conversar, ver a situação, mas ele só manda guarda municipal, não manda nenhum representante”, afirma. Ele conta que está há 21 dias desempregado devido à proibição de que catadores tenham acesso à área de transição do lixão. Luiz e João moram no bairro Dom Antônio Barbosa.

Já Genir Correia, 49 anos, está na lista de moradores que serão removidos da favela Cidade de Deus. “Trabalho no lixão há 20 anos. Trabalhava de segunda a sexta-feira, fazia meu horário e ganhava R$ 100 por semana”, relata. Genir tem quatro filhos, com idades entre 10 e 24 anos. O mais velho também tinha fonte de renda na coleta de recicláveis do lixão.

O bloqueio não tem hora para terminar. Os tapumes exibem frases como "Queremos nosso defensor Amarildo" e “Só queremos nosso serviço de volta”. A PRF (Polícia Rodoviária Federal) e a Guarda Municipal estão no local.

De acordo com o guarda municipal Valdecir de Lima Soares, foi deslocado efetivo de 70 homens e 12 viaturas. Os guardas fazem segurança dos motoristas do caminhões e funcionários do Consórcio CG Solurb, responsável pela gestão dos resíduos sólidos na Capital.

Um dos dois caminhoneiros parados no protesto, Nivaldo Sexto, 48 anos, lamenta que o atraso de hoje vai comprometer os planos de passar a Sexta-feira Santa e o fim de semana em casa. Ele conduz um caminhão boiadeiro e saiu de Terra Rica (Paraná) com destino a Castelo dos Sonhos (Pará). “Muitos retornaram com caminhão, mas o meu é boiadeiro e não tem como sair”, diz.

Em 2012, a Defensora Pública entrou com ação civil pública e obteve liminar para permitir acesso dos catadores ao lixão, que poderiam fazer a coleta dos recicláveis no local denominado área de transição. A medida deveria valer até a inauguração da UTR, que aconteceu em agosto do ano passado. Com a ativação da usina, a Solurb solicitou a proibição do acesso, que foi concretizada no dia 28 de fevereiro. Os bloqueios da rodovia foram nos dias 2,4 e 19 de março.

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