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Capital

Com bebê de 20 dias, Thamara ficará presa e vai a júri por matar rival

Thamara está presa desde agosto do ano passado, quando confessou ter matado a adolescente Victoria Correia Mendonça de 18 anos

Luana Rodrigues | 09/02/2017 14:03
Thamara Arguelho, que confessou ter matado Victória Mendonça a tiros, na porta da casa da vítima, após uma discussão. (Foto: Reprodução)
Thamara Arguelho, que confessou ter matado Victória Mendonça a tiros, na porta da casa da vítima, após uma discussão. (Foto: Reprodução)

Mãe de uma menina há 20 dias, Thamara Arguelho de Assis, 21 anos, que está presa há cinco meses, vai permanecer na cadeia até passar por júri popular. A decisão é do juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Aluízio Pereira dos Santos, publicada em sentença, proferida há uma semana, e é passível de recurso da defesa.

Thamara é acusada de matar a adolescente Victoria Correia Mendonça, 18 anos, no dia 19 de julho do ano passado, por ciúmes do ex-namorado, Weverton Silva Ayva, 28 anos, o Boneco - morto a tiros em setembro do ano passado. O julgamento sobre o crime ainda não foi marcado.

Dezenove também foi o dia que Thamara deu a luz a filha que, desde que foi presa, diz ser também de boneco. O parto foi no mês passado, em Corumbá – onde a acusada está presa atualmente – e ocorreu dez dias antes do juiz decidir pela permanência dela na prisão.

De acordo com o despacho, o juiz entendeu que Thamara deve continuar presa para que haja garantia da ordem pública, a preservação da instrução criminal e a fiel execução de eventual condenação criminal.

Ainda conforme a decisão, o magistrado entendeu que os agravantes do crime, pelos quais o Ministério Público denunciou Thamara, devem ser melhor analisados e julgados pelo Conselho de Sentença no dia do júri.

Thamara confessou ter matado Victória a tiros, na porta da casa da vítima, após uma discussão. Para o MPE, ela agiu por motivo torpe, com recurso que dificultou a defesa da vítima.

Espaço onde presas detentas dormem com os filhos. (Foto: Agepen)
Espaço onde presas detentas dormem com os filhos. (Foto: Agepen)

Mãe na prisão – Pela lei, crianças podem ficar com as mães na prisão até, no máximo, 7 anos de idade. Sem espaço adequado, a guarda das crianças para parentes ou abrigos é antecipada.

Thamara está na “Unidade Materno Infantil”, no Estabelecimento Penal Feminino “Carlos Alberto Jonas Giordano” (EPFCAJG), em Corumbá. O presídio é o único no Estado que abriga no mesmo espaço o berçário e alojamento das internas.

Segundo a Agepen (Agência Estadual de Administração Sistema Penitenciário), o “Espaço de Convivência Mãe e Filho”, nome oficial do projeto, tem capacidade para 10 custodiadas e é todo decorado, proporcionando um ambiente lúdico às crianças, o que diminui os impactos do ambiente prisional.

“Também é dotado de setor destinado a atendimentos médicos, com equipamentos e mobília oferecidos pelo Ministério da Saúde, por meio de projeto desenvolvido pela Divisão de Saúde da Agepen. Toda semana um pediatra voluntário da Marinha do Brasil presta assistência às crianças”, informa a Agepen.

Foto de Victoria postada dias antes da morte. (Foto: Reprodução / Facebook)
Foto de Victoria postada dias antes da morte. (Foto: Reprodução / Facebook)

Arrependimento - Em depoimento prestado à Justiça seis meses após o crime, a assassina que confessou o crime se disse arrependida e que já estava “pagando” pelo que fez.

“O que aconteceu na minha vida depois que eu fiz isso, eu tenho certeza de que é a mão de Deus pesando”, disse Thamara, à Justiça.

A acusada “justificou” o crime dizendo que sentia raiva das provocações de Victória, com relação ao namoro dela com Weverton. “As nossas provocações aconteciam mais no Whatsapp. E depois que ela descobriu que eu estava grávida, ela voltou a se relacionar com ele", contou.

Apesar da “raiva” que diz que sentia, Thamara alega que o crime não foi premeditado e que não dificultou a defesa da vítima. “Eu acho que eu não dificultei nada, porque desde quando eu cheguei e mostrei para ela o revólver, ela teve oportunidade de correr ou de entrar pradentro, ou de não ter falado nada”, argumentou.

Em depoimento, a acusada também afirmou que mesmo estando grávida, bebeu no dia do crime e que só atirou porque a vítima disse que não se arrependia de ter se relacionado com o namorado dela.

"No dia, eu perguntei se ela se arrependia, ela disse que não se arrependia. Ela era muito debochada! Ela debochava demais. Ela procurava.”, disse.

Arrependimento que a acusada diz ter “sobrado” para ela, já que hoje, “paga” em conseqüência do que fez: “Eu não sei se vocês sabem, mas o Weverton está morto. Eu não sei se vocês sabem, mas eu fui transferida para outro presídio. Eu não tenho que ficar chorando, eu não tenho que ficar.. Eu choro, você tá ligado? Eu tenho certeza de que eu estou pagando pelo que eu fiz. Eu poderia ter dado só uns tapas nela, e não ia estar desse jeito a minha vida.”, diz.

Weverton, "pivô" do crime, foi assassinado em setembro, quando saia do Estabelecimento Penal de Regime Aberto e Casa do Albergado de Campo Grande.

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