Grávida, Thamara está em Corumbá e ainda não sabe da morte de “Boneco”
A notícia da morte de Weverton Silva Ayva, 28 anos, o Boneco, ainda não chegou para e ex-namorada Thamara Arguelho de Assis, 21 anos. Desde a última segunda-feira (12), a moça que confessou ter assassinado Victoria Correia Mendonça, 18 anos, em julho deste ano, por ciúmes do ex, está no presídio feminino Carlos Alberto Jonas Giordano, em Corumbá – cidade distante 419 quilômetros de Campo Grande – por isso, segundo a família dela, não sabe do ocorrido.
Em entrevista ao Campo Grande News, a avó de Thamara, Claudia Arguelho, 63 anos, lamentou a morte do rapaz. “Nós estamos muito tristes, porque apesar da vida que ele levava, ninguém esperava isso. Essa semana mesmo ele falou comigo por mensagem, mas eu não respondi, acho que queria dizer algo, mas não disse”, contou.
Claudia conta que a neta, grávida de quatro meses, está passando por dificuldades no presídio, e para não afetar ainda mais a criança que ela carrega, prefere que ela não saiba da morte do ex. “Já está sendo muito difícil para ela lá. Minha neta está esperando uma criança e vive num calabouço. Temos medo do que ela possa fazer, por isso ela não sabe e desejo que não saiba”, explica a avó.
A mulher lembra ainda que Thamara sempre foi apaixonada por “Boneco”, tanto que fez uma loucura, como foi a morte de Victoria, por causa dele. “Infelizmente ela gostava dele desde pequena. Ela realmente era louca por esse menino, a gente fez de tudo pra interromper, por causa da vida conturbada dele, mas de nada adiantou”, disse.
Sobre o fato de o neto crescer sem pai, já que Thamara diz que o filho que espera é dele, Claudia também lamenta, mas afirma que já esperava. “Ele tinha problemas com muita gente, levava uma vida muito complicada, e eu sempre soube que quem criaria a criança seria eu. Já estou até preparando a casa para recebê-lo”, contou.
A avó diz que não acredita que Thamara tenha alguma participação na morte de “Boneco” e acredita que ele tenha sido morto por conta dos crimes que já cometeu.
Transferência – Segundo a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), Thamara foi transferida para Corumbá para a própria segurança, já que estava se desentendendo com outras internas e até com agentes.
No mês passado, ela aguardava atendimento médico acompanhada de um agente e gritava que queria ser atendida rápido, que não tinha tempo para ficar esperando, apresentando comportamento agressivo e histórico.
Após ser atendida pelo médico, Thamara foi conduzida até a sala do chefe de equipe, onde disse que não estava gritando e não seria comunicada por esse motivo, mas que se fosse preciso daria um motivo pior para ser advertida. "Eu já matei um, não tenho medo não, eu vou te dar um motivo para você me comunicar", afirmou.
Questionada pelo chefe de equipe se aquilo era uma ameaça, Thamara confirmou e a agente respondeu que, sendo assim, ela estava sendo advertida. A jovem afirmou que, então, daria um motivo para a advertência, e partiu para a agressão física.
Thamara puxou os cabelos, desferiu arranhões pelos braços e mordeu a mão esquerda da vítima. Três agentes tiveram que conter a jovem, que foi levada de volta para sua cela.
Além dos problemas, segundo a agência, na penitenciária para onde Thamara foi transferida há uma “Unidade Materno Infantil”, que oferece uma estrutura mais adequada para a interna.
Calabouço - A avó de Thamara reclama da transferência. Segundo Claudia, a neta está em uma espécie de “calabouço”, sozinha, além de que, por conta da distância, a família terá dificuldades para visitá-la. “Nós não temos condições, estamos pensando em comprar um carro, mas é difícil. Enquanto isso, vamos ter que visitá-la de ônibus, ir um dia antes para chegar no horário, encontrar um lugar para dormir lá, tudo isso custa”, explica.
Claudia disse ainda que não defende a nota, mas se preocupa com o bisneto. “Nunca que eu quero que ela seja aliviada da punição, mas criança que vai vir para o convívio da gente, essa sim tem que ser preservada”, finaliza.
Assassina confessa - Thamara confessou ter matado Victoria com um tiro na cabeça e outros dois pelo corpo, na madrugada do dia 19 de julho, na casa em que vítima morava, Rua Luiz Bento, Vila Popular, em Campo Grande.
O motivo do crime? Ciúme. Thamara contou à polícia que tomou quatro latinhas de cerveja, pegou um revólver – não soube especificar qual e que até agora não foi encontrada – chamou um mototaxista e foi até a casa da ‘rival’.
Chegando lá, mandou o piloto ficar na esquina e foi tirar satisfações com Victória, quando aconteceu o diálogo derradeiro. Em seguida, a garota pegou o mototáxi e fugiu, passando os dias seguintes perambulando pelas casas de parentes – sem, segundo a própria, ter ido para Aquidauana, como chegou a ser divulgado em outras ocasiões.
Ela foi presa no dia 22 de agosto, mas até agora a arma do crime não foi localizada.
Em entrevista exclusiva ao Campo Grande News no dia 22 de julho, Weverton confirmou ter encontrado Victória no fim de semana antes do crime. A garota, inclusive, teria dormido na residência dele.