Com defensor da monarquia no comando, TJ hasteia bandeira do Brasil Império
Flâmula de 1822 foi hasteada hoje (6) e por lá vai ficar até o dia 10, a mando do presidente do Tribunal
Sob o comando do desembargador Carlos Eduardo Contar, que tem no currículo, campanha para defender a volta da monarquia, o TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) estreou a semana com ato inédito, a bandeira do Brasil Império no alto do mastro. A flâmula de 1822 foi hasteada hoje (6), na frente da sede do Judiciário sul-mato-grossense, em alusão à Semana da Pátria.
Conforme nota, a “homenagem foi determinada pelo presidente do TJMS” e “tem o intuito de contribuir para a celebração do ducentésimo aniversário de Independência do Brasil, a realizar-se em 7 de setembro de 2022”.
Nesta segunda-feira, quase ninguém notou a mudança na bandeira da fachada do prédio, que abriga o Judiciário estadual. Na emenda de feriado, servidores estão de folga e o Parque dos Poderes está fechado para obras, mas a bandeira do Brasil Império permanecerá por lá até o dia 10.
Ainda de acordo com o texto publicado pela assessoria de comunicação do TJMS, a bandeira imperial teve duas versões. As duas tinham fundo verde com o losango amarelo, pano de fundo que inspira a flâmula brasileira até hoje. “O verde remete à Casa de Bragança, dinastia de Dom Pedro I, primeiro imperador do Brasil. Já o amarelo, remete à Casa de Habsburgo, dinastia da primeira esposa de Dom Pedro, imperatriz Leopoldina”.
Volta da monarquia - Tradicionalmente, a Semana da Pátria, de 1º a 7 de setembro, é marcada por diversos atos cívicos e militares, como o Desfile de 7 de Setembro, o hasteamento das bandeiras (geralmente, a atual), entoação do Hino Nacional e outros momentos que envolvem entidades, escolas e autoridades.
O Dia da Independência do Brasil, 7 de setembro, remete à data em que às margens do Rio Ipiranga, Dom Pedro I declarou o Brasil independente de Portugal, bradando a frase imortalizada pela história: “Independência ou morte!”.
Desde então, e até 1889, o Brasil foi governado pela família imperial brasileira. Não é novidade, contudo, que ainda hoje, 132 anos após a Proclamação da República, ao lado dos defensores da intervenção militar, o fetiche com a monarquia tem adeptos.
O movimento em favor da volta dos reis e rainhas ao poder, contudo, é mais antigo. Em 1993, Carlos Eduardo Contar, hoje, presidente do TJMS, foi um dos líderes regionais da campanha que defendia o retorno à monarquia, conforme apurado pelo Campo Grande News, em janeiro deste ano.
Naquele ano, como determinou a Constituição Federal de 1988, o brasileiro participou de plebiscito para definir a forma e o sistema de governo no País. Ganharam a república e o presidencialismo. Perderam a monarquia e o parlamentarismo.
Em Mato Grosso do Sul, o regime monárquico teve percentual de votos um pouco acima da média nacional. No País, em torno de 10% dos eleitores queriam a Família Real de volta ao poder. No Estado, foram mais de 11% dos votos para essa opção e Contar foi um dos responsáveis por esse resultado. Fez parte da “comissão dos monarquistas”. À época, era promotor de Justiça.