Com falta de inseticida, fumacê continua sem previsão de ser retomado
Campo Grande está há duas semanas sem fumacê e não há previsão de voltar a receber a aplicação do inseticida. O coordenador da CCEV (Coordenadoria de Controle de Endemias Vetoriais), ligada a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Alcides Ferreira, afirmou que a Capital não tem o produto usado nos aparelhos de fumacê, que acabou há mais de 15 dias.
Porém, oficialmente a Sesau informou que a última borrifação aconteceu no dia 17 de fevereiro, quando alguns litros do inseticida estavam disponíveis para aplicação em locais considerados de grande infestação e risco. “Ainda não chegou, não sei se o Estado, que faz a ponte com o Ministério da Saúde, recebeu. Mas a Prefeitura ainda não tem”, afirmou Ferreira.
Enquanto o município afirma não ter recebido o produto, a Coordenadoria Estadual de Controle de Vetores, ligada a SES (Secretaria de Estado de Saúde), disse que o inseticida chegou ontem (24) e já foi distribuído para Campo Grande e Dourados.
O coordenador do órgão, Mauro Lúcio Rosário, informou que o Ministério da Saúde enviou apenas mil litros de inseticida, que deve durar apenas três dias. “O produto que veio tem base de óleo de soja, o que usamos é a base de água. O envio é uma medida emergencial. Tem 20 dia que pedimos e só agora chegou esta quantia, que vai ser usada rapidamente, não vai dar para muita coisa. Nossa esperança é que dure pelo menos até o dia 9 de março e que não tenhamos grandes estragos por causa disso”.
A Coordenadoria informou que no dia 9 de março deve ser enviado o lote completo do produto, com aproximadamente 30 mil litros, que não é produzido no Brasil. O inseticida importado vem da Dinamarca e só é distribuído pelo Ministério da Saúde. “Não temos o que fazer, não podemos comprar ou adquirir por conta própria. Temos que esperar”, disse.
O lote emergencial foi enviado apenas para as duas maiores cidades do Estado, onde existe a circulação dos vírus transmitidos pelo Aedes aegypti. O mosquito é o vetor da dengue, zika vírus e febre chikungunya.
“Priorizamos as cidades que precisavam completar o ciclo da aplicação do inseticida e que tem a circulação do vírus, pois ele não serve para controlar infestação. As pessoas pedem fumacê, mas é tudo rigorosamente controlado. E também 90% das fêmeas ficam dentro de casa e o combate mecânico aos focos de proliferação devem ser a principal medida”, disse o coordenador do órgão, Mauro Lúcio Rosário.
Problema – Enquanto isso Campo Grande registrou aumento de 460% do número de casos suspeitos de dengue, passaram de 668 para 3.745 em menos de uma semana. Dados do boletim epidemiológico da Sesau, divulgado ontem (24), apontam que a epidemia de dengue continua sem controle na Capital.
O último levantamento havia sido divulgado na quinta-feira (18) e conforme a Sesau, a ideia é divulgar ao menos dois boletins epidemiológicos por semana, com isso, um novo levantamento deve ser liberado até amanhã (26). Somado aos números de janeiro, a Capital já totaliza 12.998 casos suspeitos. O total de confirmações somam 466 casos desde o primeiro mês do ano.
Os casos de dengue hemorrágica totalizam 4, com três mortes confirmadas em decorrência de dengue, duas em janeiro e outra no dia 17 de fevereiro. A primeira foi de uma criança de 8 anos, que morreu no dia 12 de janeiro na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Vila Almeida ao dar entrada com dengue clássica e depois sofrer uma parada cardíaca.
Na sequência houve a morte da adolescente Karolina Ribeiro Soares Rodrigues, 16, que morreu um dia depois no Hospital Regional Rosa Pedrossian. A morte de Leika Pereira Campos, 33 anos, na semana passada, foi o terceiro caso provocado pela dengue na Capital e só teve confirmação pela SES (Secretaria de Estado de Saúde) hoje (25).
Zika e chikungunya - Os casos suspeitos de zika vírus também cresceram, passando de 169 para 752, um aumento de 279%. Desde janeiro os números já somam 1613. Já os casos de chikungunya passaram de 12 para 34 em menos de uma semana e totalizam 127.