Fiasco: em teste, máquina engole menos mosquitos que o esperado
A máquina que promete sugar a fêmea do mosquito Aedes aegypti – que transmite dengue, zika e chikungunya – instalada há dois dias no pátio do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), em Campo Grande, não funcionou de maneira satisfatória. O aparelho foi monitorado ontem (24), um dia após começar a operar, mas tinha “engolido” alguns poucos mosquitos.
O gerente técnico da SES (Secretaria de Estado de Saúde) e doutor em entomologia – ciência que estuda os insetos –, Paulo Silva, não revelou quantas fêmeas do vetor a máquina capturou, mas afirma que ficou insatisfeito com o resultado. “Foram poucos. Vamos fazer uma reunião hoje (25) com a empresa que trouxe a ideia, para tentar resolver”, afirmou.
Por isso, a contagem que seria realizada nesta quinta-feira (25) foi adiada e deverá acontecer somente na próxima semana. “A primeira avaliação, que seria hoje, vamos ter que adiar, para ver que a máquina pega mais mosquitos”, disse o gerente.
O funcionamento abaixo do esperado deixou a equipe da Coordenadoria Estadual de Controle de Vetores preocupada. A previsão inicial era de que o aparelho operasse durante 30 dias, para confirmar a eficácia prometida pelo Instituto Seiva Brasil – com sede na Capital –, que atua na área de inovações tecnológicas, responsável pela apresentação do Mosquito Magnet e também por outra armadilha, “Flying Insect Trap”.
Ambas estão em funcionamento no prédio do CCZ, e continuam no local até que a Coordenadoria decida se vai continuar ou não com os testes. Na segunda-feira (22), a informação era de que os aparelhos seriam instalados no bairro Cabreúva, porém a mudança aconteceu para que ambos recebessem o monitoramento necessário com mais eficácia e também ficassem em uma área aberta.
Funcionamento – O Mosquito Magnet, que “engole” o Aedes, custa aproximadamente R$ 10 mil e o “Flying Insect Trap” R$ 600. Os dois equipamentos funcionam de formas parecidas atraindo a fêmea do mosquito. Mas enquanto o primeiro usa ácido lático – composto orgânico produzido pelo corpo humano – para atrair o vetor, o outro utiliza uma lâmpada e também ondas sonoras (perceptíveis apenas para o mosquito).
Apenas a fêmea hematófaga – que se alimenta de sangue –, é atraída pelo composto utilizado na máquina, que imita o suor humano. "A fêmea pica porque precisa da proteína do sangue para se reproduzir, o macho só se alimenta da seiva das plantas", explicou o coordenador Estadual de Controle de Vetores, Mauro Lúcio Rosário.
Os dois aparelhos são fabricados nos Estados Unidos, precisam ser instalados de forma fixa (o “Flying” ao abrigo da chuva) e ter manutenção semanal para continuar operando com eficácia. O Magnet, que suga o inseto, tem abrangência de 4 quilômetros e promete “atrair e matar mosquitos”. Para funcionar o aparelho precisa de um botijão de gás de cozinha e quatro pilhas grandes. Caso aprovado ele poderá ser instalado em lugares de grande circulação de pessoas como escolas, creches, postos de saúde e até mesmo estádios.
Já o “Flying” tem eficácia de apenas 100 metros, e é mais indicado para ser usado em residências. A empresa Mosquitron, responsável pela importação dos equipamentos, deverá disponibilizar mais um lote com 2,7 mil unidades da armadilha doméstica nos próximos dias.