ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SÁBADO  23    CAMPO GRANDE 24º

Cidades

Epidemias atraem ideias possíveis ou mirabolantes contra mosquito

De novembro do ano passado até agora, foram 14 apresentações de ideias e propostas a autoridades de saúde de MS

Natalia Yahn | 23/02/2016 08:05
Os equipamentos "Flying Insect Trap" e Mosquito Magnet foram apresentados hoje (22). (Foto: Fernando Antunes)
Os equipamentos "Flying Insect Trap" e Mosquito Magnet foram apresentados hoje (22). (Foto: Fernando Antunes)

Para tentar acabar com o mosquito Aedes aegypti – que transmite dengue, zika e chikungunya – vale de tudo. Enquanto a população recorre às plantas, como citronela e crotalária, autoridades de saúde recebem sugestões diversas, muitas vezes consideradas absurdas e em outros casos ideias que podem realmente levar a uma solução.

Desde o início da epidemia, em meados do mês de novembro, até agora, a Coordenadoria Estadual de Controle de Vetores, ligada a SES (Secretaria Estadual de Saúde) já recebeu 14 apresentações técnicas de produtos e máquinas que podem ajudar no combate ao vetor.

“Para se ter uma ideia esta é a 14ª apresentação que recebemos. Algumas foram ideias absurdas, mirabolantes. Mas outras são coisas possíveis e quem sabe não é aí que vamos conseguir encontrar um jeito de resolver a questão da dengue. Por isso temos que ouvir, ver e checar tudo que aparece”, explica o coordenador Estadual de Controle de Vetores, Mauro Lúcio Rosário.

Na manhã de segunda-feira (22), a 14ª apresentação foi para mostrar a máquina que “engole” a fêmea do mosquito Aedes aegypti. O aparelho Mosquito Magnet, com custo aproximado de R$ 10 mil, vai começar a ser testado amanhã (23), no bairro Cabreúva, em Campo Grande. O funcionamento é experimental e será monitorado por 30 dias.

Outra armadilha para o mosquito também apresentada foi o “Flying Insect Trap”, que custa R$ 600. Os dois equipamentos funcionam de formas parecidas atraindo a fêmea do mosquito. Mas enquanto o primeiro usa ácido lático – composto orgânico produzido pelo corpo humano – para atrair o vetor, o outro utiliza uma lâmpada e também ondas sonoras (perceptíveis apenas para o mosquito).

Mosquito transgênico – Outra exposição já realizada em Campo Grande aconteceu no dia 20 de janeiro quando a empresa Oxitec mostrou os mosquitos transgênicos, uma nova tecnologia no combate à dengue. Na época o gerente de negócios da empresa, Cláudio Fernandes, disse que o custo para implantar o projeto em uma determinada área selecionada pelo poder público é de pelo menos R$ 2,50 mensais por habitante. Levando em conta a população de algumas regiões com alta incidência do inseto, a novidade ficaria na faixa dos R$ 40 mil por mês ao poder público de Mato Grosso do Sul.

O total de mosquitos soltos na área delimitada, também depende do número de habitantes que residem na região, mas o cálculo médio é de que é preciso soltar entre 100 e 200 mosquitos machos por habitante. Como o mosquito modificado geneticamente vive apenas quatro dias, é preciso realizar solturas semanais para garantir a eficácia do método.

Uma vez solto na natureza, o "Aedes do Bem" vai copular com a fêmea selvagem, mas devido a sua genética alterada em laboratório, fará com que a fêmea procrie filhotes que não passarão do estágio de larvas.

Para se ter uma ideia dos gastos, o Campo Grande News tomou como base o município de São Gabriel do Oeste, que tem uma população de 28 mil habitantes e apresenta um índice de infestação em pelo 50% da cidade, segundo dados recentes do comitê de combate a dengue.

Como a tecnologia do mosquito transgênico é utilizada de forma localizada, apenas onde a infestação do mosquito é alta, no caso de São Gabriel, cerca de metade da cidade seria atendida, totalizando uma população de cerca de 14 mil habitantes, o que geraria um custo de R$ 35 mil mensais.

Valor semelhante também teria que ser aplicado, por exemplo, no Bairro Lageado, em Campo Grande, que conta com uma população de pelo menos 15 mil pessoas, segundo o último Censo do IBGE, de 2010.

O bairro apresenta uma das maiores infestações do Aedes, segundo o último LIRA (Levantamento Rápido do Aedes aegypti), realizado no ano passado. Caso fosse adotada a tecnologia na região, os custos seriam de R$ 37,5 mil mensais, apenas nesse bairro.

Independe do produto oferecido, a forma de combate mais eficaz ainda é eliminar mecanicamente possíveis criadouros do mosquito. "O nosso carro-chefe será sempre a atuação do agente. Ele é quem, de fato, muda o comportamento das pessoas, mostrando a importância de evitar o surgimento de criadouros em casa, evitando a epidemia", diz Mauro Lúcio.

Nos siga no Google Notícias