Epidemias atraem ideias possíveis ou mirabolantes contra mosquito
De novembro do ano passado até agora, foram 14 apresentações de ideias e propostas a autoridades de saúde de MS
Para tentar acabar com o mosquito Aedes aegypti – que transmite dengue, zika e chikungunya – vale de tudo. Enquanto a população recorre às plantas, como citronela e crotalária, autoridades de saúde recebem sugestões diversas, muitas vezes consideradas absurdas e em outros casos ideias que podem realmente levar a uma solução.
Desde o início da epidemia, em meados do mês de novembro, até agora, a Coordenadoria Estadual de Controle de Vetores, ligada a SES (Secretaria Estadual de Saúde) já recebeu 14 apresentações técnicas de produtos e máquinas que podem ajudar no combate ao vetor.
“Para se ter uma ideia esta é a 14ª apresentação que recebemos. Algumas foram ideias absurdas, mirabolantes. Mas outras são coisas possíveis e quem sabe não é aí que vamos conseguir encontrar um jeito de resolver a questão da dengue. Por isso temos que ouvir, ver e checar tudo que aparece”, explica o coordenador Estadual de Controle de Vetores, Mauro Lúcio Rosário.
Na manhã de segunda-feira (22), a 14ª apresentação foi para mostrar a máquina que “engole” a fêmea do mosquito Aedes aegypti. O aparelho Mosquito Magnet, com custo aproximado de R$ 10 mil, vai começar a ser testado amanhã (23), no bairro Cabreúva, em Campo Grande. O funcionamento é experimental e será monitorado por 30 dias.
Outra armadilha para o mosquito também apresentada foi o “Flying Insect Trap”, que custa R$ 600. Os dois equipamentos funcionam de formas parecidas atraindo a fêmea do mosquito. Mas enquanto o primeiro usa ácido lático – composto orgânico produzido pelo corpo humano – para atrair o vetor, o outro utiliza uma lâmpada e também ondas sonoras (perceptíveis apenas para o mosquito).
Mosquito transgênico – Outra exposição já realizada em Campo Grande aconteceu no dia 20 de janeiro quando a empresa Oxitec mostrou os mosquitos transgênicos, uma nova tecnologia no combate à dengue. Na época o gerente de negócios da empresa, Cláudio Fernandes, disse que o custo para implantar o projeto em uma determinada área selecionada pelo poder público é de pelo menos R$ 2,50 mensais por habitante. Levando em conta a população de algumas regiões com alta incidência do inseto, a novidade ficaria na faixa dos R$ 40 mil por mês ao poder público de Mato Grosso do Sul.
O total de mosquitos soltos na área delimitada, também depende do número de habitantes que residem na região, mas o cálculo médio é de que é preciso soltar entre 100 e 200 mosquitos machos por habitante. Como o mosquito modificado geneticamente vive apenas quatro dias, é preciso realizar solturas semanais para garantir a eficácia do método.
Uma vez solto na natureza, o "Aedes do Bem" vai copular com a fêmea selvagem, mas devido a sua genética alterada em laboratório, fará com que a fêmea procrie filhotes que não passarão do estágio de larvas.
Para se ter uma ideia dos gastos, o Campo Grande News tomou como base o município de São Gabriel do Oeste, que tem uma população de 28 mil habitantes e apresenta um índice de infestação em pelo 50% da cidade, segundo dados recentes do comitê de combate a dengue.
Como a tecnologia do mosquito transgênico é utilizada de forma localizada, apenas onde a infestação do mosquito é alta, no caso de São Gabriel, cerca de metade da cidade seria atendida, totalizando uma população de cerca de 14 mil habitantes, o que geraria um custo de R$ 35 mil mensais.
Valor semelhante também teria que ser aplicado, por exemplo, no Bairro Lageado, em Campo Grande, que conta com uma população de pelo menos 15 mil pessoas, segundo o último Censo do IBGE, de 2010.
O bairro apresenta uma das maiores infestações do Aedes, segundo o último LIRA (Levantamento Rápido do Aedes aegypti), realizado no ano passado. Caso fosse adotada a tecnologia na região, os custos seriam de R$ 37,5 mil mensais, apenas nesse bairro.
Independe do produto oferecido, a forma de combate mais eficaz ainda é eliminar mecanicamente possíveis criadouros do mosquito. "O nosso carro-chefe será sempre a atuação do agente. Ele é quem, de fato, muda o comportamento das pessoas, mostrando a importância de evitar o surgimento de criadouros em casa, evitando a epidemia", diz Mauro Lúcio.