Com avanço de negociações da Bioceânica, empresas já falam em dobrar faturamento
Grupo Bello Alimentos prevê faturamento de R$ 20 bilhões em 2030, puxado pela expansão de mercado.
Empresários que participaram das tratativas sobre o início da Rota Bioceânica de Capricórnio, prevista para 2026, estão animados diante de novas oportunidades que devem surgir nos negócios embalados pela perspectiva de melhora na logística dos produtos para o exterior.
RESUMO
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Empresários estão otimistas com a Rota Bioceânica de Capricórnio, prevista para 2026, que promete melhorar a logística e reduzir custos no Centro-Oeste. O Grupo Bello Alimentos, por exemplo, espera dobrar seu faturamento, atingindo R$ 20 bilhões até 2030, impulsionado por exportações para o Chile. A nova rota deve diminuir o tempo de transporte de 72 para 6 horas, reduzindo custos de US$ 600 para US$ 50 por tonelada. A expectativa é que a rota traga desenvolvimento socioeconômico e novas oportunidades de negócios, especialmente para Mato Grosso do Sul.
A tônica do Fórum Empresarial Brasil-Chile, realizado nesta quarta-feira, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, é de que as novas rotas devem solucionar antigos gargalos logísticos do Centro-Oeste, ampliar e melhorar as relações comerciais com parceiros externos e garantir segurança para os motoristas nas estradas. Além disso, a nova logística deverá reduzir o tempo de entrega dos produtos aos clientes, baixar custos e, por tabela, estimular o avanço dos negócios em Mato Grosso do Sul.
Para a Rota 4, onde haverá aduana integrada em cabeceira única, a estimativa é de redução de 72 horas para 6 horas no tempo de espera de caminhões e nos custos de toneladas de cargas, de US$ 600 para cerca de US$ 50.
Com a previsão de faturar mais de R$ 1,5 bilhão este ano em Mato Grosso do Sul, o Grupo Bello Alimentos deve chegar em 2030 com receita de R$ 20 bilhões no País, puxada pelo aumento das exportações nos novos mercados que se abrirão, principalmente para o Chile, que hoje é atendido pela filial de distribuição sediada em Itaquiraí, a 400 km de Campo Grande. Outras unidades são distribuídas por Dourados, Corumbá e em Aparecida de Taboado. Fora do estado, a empresa possui unidades em São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.
A previsão é praticamente dobrar o faturamento do grupo em relação a previsão deste ano, entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões contando unidades de todo Brasil. O crescimento da receita previsto é embalado pelo aumento da capacidade produtiva do grupo puxado tanto pelo mercado interno como o externo.
“Esperamos reduzir o tempo do transporte e de entregas aos nossos clientes, garantindo que o produto, em se tratando de alimento, chegue à mesa do consumidor final com a mesma qualidade que sai de nossa indústria”, disse o Gerente de Unidade da Bello Alimentos, Edson Carlos Block, em entrevista ao Campo Grande News.
Sem citar cifras, o empresário falou de futuros investimentos do grupo a partir das janelas de oportunidades que devem se abrir sob a influência positiva do corredor logístico bioceânico. Para ele, o plano de expansão dos negócios inclui a diversificação dos negócios com a psicultura. Ele lembrou da aquisição da unidade de peixe Mar & Terra, sediada em Itaporã, também em Mato Grosso do Sul, e disse que o setor está em plena expansão.
“Esse é um negócio que está pujante e a gente vem investindo bastante nessa área”, diz o empresário. O grupo tem ainda uma unidade de industrializados em Eldorado (MS), que possibilita alguns outros produtos industrializados, como a linguiça frescal, salsicha, mortadela, bacon e presunto, que também estão em plena expansão e que podem ser ampliados com essa rota.
Segundo ele, a operação de todas as rotas pode influenciar o aumento do volume dos negócios de todo o grupo. Atualmente as exportações da empresa representam algo em torno de 40% da produção e de 60% da receita.
A psicultura, diz ele, responde por uma margem entre 5% e 10% dos negócios, enquanto que o frigorifico, na casa de 40%, e as demais atividades representam o restante da fatia do bolo do grupo, que é líder na produção de ovos e pintinhos na América Latina.
Gargalos - O empresário afirma que as dificuldades de logística no Brasil prejudicam o comércio com mais de 20 países, entre os quais, China, Emirados Árabes, Arabia Saudita, Japão, Cingapura e Chile, para os quais o grupo tem habilitação.
Segundo ele, o escoamento dos produtos ocorre pelo transporte rodoviário, trajeto que dura entre sete e dez dias para chegar ao Chile, por exemplo. A expectativa é de ganhar competitividade nesses mercados a partir do início das operações da Rota Bioceânica que deve reduzir o trajeto para três ou quatro dias, considerando a extensão de 2,628 mil km da unidade de Itaquiraí a Santiago, no Chile.
A empresa evita exportar pelo Porto de Santos por causa de burocracias e morosidades, processo que, segundo calcula Block, elevaria o tempo em torno de 35 dias para os produtores chegarem aos clientes chilenos.
A expectativa do empresário é de que os benefícios da Rota ocorram a partir de julho deste ano. “O que podemos observar, aqui no Fórum, é que existem trechos que ficarão prontos tanto no Chile como aqui no Brasil que podem ser concluídos até julho. Com isso, podemos nos beneficiar desse projeto antes da conclusão final das obras.”
O empresário acredita que em toda extensão da Rota Bioceânica haverá desenvolvimento socioeconômico, estimulando diversidades e gerando oportunidades de negócios para o Brasil, principalmente para Mato Grosso do Sul, que deve atrair novos investimentos e outras oportunidades de negócios ao se conectar com Chile, Paraguai e Argentina, entre os demais países que estão no corredor da Rota Bioceânica.
O diretor da JBS, Daniel Ávila apontou as dificuldades logísticas como um grande entrave. “O desafio que teremos, além de sermos mais produtivos, é de continuar a crescer. Não tenho dúvida de que, com o cuidado que haverá, favorecendo a produtividade, teremos uma relação comercial ainda maior com o país tão importante como o Chile.”
O vice-presidente do grupo Sonda, empresa de soluções e serviços de tecnologia, Rivaldo Ferreira, destacou as oportunidades nas parcerias público-privada e o potencial da tecnologia para o monitoramento da Rota Bioceânica, com câmaras, garantindo segurança nas estradas.