Curada após internação, Mara recebeu cloroquina e não sabe como se infectou
Aos 33 anos, paciente ficou sete dias internada, três dos quais com falta de ar e recebendo oxigênio
Uma lesão aguda no pulmão esquerdo e sete dias de internação. Para a turismóloga Mara Lígia de Rezende, de 33 anos, que não tem nenhum histórico de doença crônica, a covid-19 foi assustadora. Sem nem sequer saber onde ou de quem contraiu a doença, ela se recupera em casa e é monitorada de perto pelas autoridades em saúde.
Quem falou sobre o caso com o Campo Grande News foi o marido dela, Samuel Ferreira, 47, que é piloto comercial. Ele não quer aparecer, por temer discriminação por conta da doença. A esposa dele é uma das 36 pessoas que foram infectadas pelo novo coronavírus em Mato Grosso do Sul e já se curaram.
Samuel disse que foram três visitas ao médico, antes de finalmente ser internada. Para ele, houve demora no diagnóstico e quem sabe, até algum descaso. “Os médicos diziam que os sintomas não eram compatíveis com quadro de coronavírus, então voltávamos para casa”, conta.
Mara sentia dor de cabeça nos primeiros dias e entre o quarto e quinto dia, começou a apresentar tosse. “Nos três atendimentos fomos orientados a tomar dirpirona apenas. Eles falavam que podia ser virose ou gripe, mas não coronavírus”, lembra o marido.
Mas foi na quarta ida ao médico que a situação se apresentou realmente grave. “De domingo para segunda (29 e 30 de março) ela teve uma crise de tosse às 3 horas da manhã e acordou com falta de ar e febre alta, acima dos 38 graus”, revelou Samuel.
O casal foi direto ao Pronto Atendimento do Hospital Unimed em Campo Grande e ao chegar, Mara foi submetida a uma tomografia, que constatou lesão no pulmão esquerdo: pneumonia broncoviral. A partir de então, ela ficou internada.
O marido lembra que os três primeiros dias foram tensos, com a esposa sentindo bastante falta de ar e recebendo oxigênio, mas sem respirar por aparelhos. “Eles já tinham feito um raio-x antes da internação e não tinha nada de errado. Só na tomografia que mostrou”, conta Samuel.
CLOROQUINA – Seguindo tratamento padrão do Ministério da Saúde para casos mais graves, Mara recebeu doses de Hidroxidocloroquina durante os dias em que esteve internada. “Ela fez o tratamento previsto em protocolo”, explicou o marido.
Mara só teve melhora de quinta para sexta-feira (2 e 3 de março). “Ela foi tratada com cloroquina e no mesmo apartamento que ela, tinham mais cinco pessoas, todas suspeitas de corona”, comentou. Além desse medicamento, Azitromicina e Ceftriaxona também foram usados no tratamento.
Para Samuel, o que mais chamou atenção, inclusive dos médicos que a atenderam, foi o fato de, além de ser jovem, Mara não ter nenhuma cormobidade, ou seja, doença crônica ou prévia que pudesse levá-la ao agravamento do quadro.
“Isso que chamou atenção até do médico, porque ela não tem nenhuma doença, nem respiratória, tem saúde perfeita, é atleta, faz exercício”, salientou.
Para ele, a doença não aparentava ser tão grave, até ver de perto como a esposa ficou. “Você não vê um quadro grave de cara e evolui pra um quadro ruim do dia pra noite e quando apareceu mesmo, era bem severo já”, avalia.
O tratamento agora é mais repouso e quarentena por mais sete dias e não manter contato com idosos ou imunodeprimidos pelos próximos 30 dias após a alta médica. O prontuário pede ainda que Mara use máscara, em caso de tosse, não compartilhe talheres e use lenços descartáveis.
Samuel alerta quem ainda não passou por situação semelhante para que fique atento. “Todas as pessoas têm que levar a sério, se cuidar, ficar atento aos sintomas. Se você está atento desde o inicio, você procura ajuda mais rápido. Acho que até a parte médica falhou, porque podia ter descoberto mais cedo a doença, mas é preciso se cuidar. Lá fora tem muitas pessoas morrendo se tiver pico aqui, pode causar muita dor”.