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Capital

Curso para mulheres vulneráveis inicia com 100 vagas na área administrativa

Esse será o primeiro grupo formado para dar início ao programa, em fevereiro

Por Izabela Cavalcanti | 17/01/2024 14:46
Mulheres em um dos corredores na comunidade Mandela, em Campo Grande (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)
Mulheres em um dos corredores na comunidade Mandela, em Campo Grande (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)

O Programa Mulheres Mil vai ofertar 100 vagas para o curso de Assistente Administrativo, em Campo Grande. A previsão é que as aulas sejam iniciadas no dia 20 de fevereiro.

Esse será o primeiro grupo formado para dar início ao projeto. Os demais cursos, que ainda serão apresentados, incluem temas de processos administrativos e atividades de apoio em recursos humanos, finanças, logística e vendas, atendimento a fornecedores e clientes, fornecimento e recebimento de informações sobre produtos e serviços, entre outros.

As inscrições ainda não têm data estipulada, pois é preciso esperar o processo seletivo dos professores para abrir um novo edital.

O projeto, em parceria da Funsat (Fundação Social do Trabalho) com o Governo Federal, tem por objetivo promover a formação profissional e tecnológica de mulheres em situação de vulnerabilidade social e econômica e risco social, a partir de 16 anos. Também receberão a ajuda vítimas de violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, moradoras de locais com infraestrutura deficitária.

O programa também é para mulheres não alfabetizadas, porém, neste primeiro curso, tem como requisito o Ensino Fundamental completo.

“Serão cursos presenciais, com carga horária mínima de 160 horas, voltados para mulheres em situação de vulnerabilidade social. O objetivo é promover o desenvolvimento educacional, social e econômico dessas mulheres, dando a elas possibilidades e garantias de acesso ao mercado de trabalho, autonomia financeira e uma melhor qualidade de vida”, diretor-presidente da Funsat, Paulo da Silva.

De acordo com a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social), 187.227 mulheres a partir de 16 anos estão inscritas no CadÚnico (Cadastro Único).

A trabalhadora de serviços gerais Evelyn Gamarra, de 27 anos, se interessou no curso e diz que já foi até a Funsat verificar, mas o impasse tem sido a falta de estudos.

Ela parou de estudar no 7° ano do Ensino Fundamental e sustenta quatro filhos sozinha. Eles moravam na comunidade Mandela, mas depois do incêndio tiveram que se mudar para a casa da mãe, no bairro Tarsila do Amaral.

“Procurei saber já, mas eu não vou conseguir fazer porque parei no 7° ano. Ia ser bom, mas infelizmente não vai dar. Eu queria fazer esse primeiro curso, mas agora vou esperar abrir outros para eu poder participar”, lamentou.

Sobre uma área em que ela mais gosta de trabalhar, ainda não definiu, mas garante que qualquer outro curso que surgir vai participar para poder conseguir progredir na profissão.

Outro exemplo é a manicure Patriellen da Silva, de 29 anos, que também parou de estudar no 7° ano, mas pretende concluir os estudos para conseguir realizar cursos dentro do programa “Mulheres Mil”.

No momento, ela sonha em investir na área da beleza, mas reconhece que a oportunidade de fazer cursos gratuitos em outras áreas pode abrir portas. Ela concluiu o curso de manicure pela Prefeitura de Campo Grande, em novembro do ano passado.

Certificado do curso de manicure e pedicure, feito por Patriellen (Foto: Idaicy Solano)
Certificado do curso de manicure e pedicure, feito por Patriellen (Foto: Idaicy Solano)

“É uma coisa muito boa, pelo menos com a gente, mãe, que tem filho para criar. Eu tenho cinco filhos, tem mãe que tem seis, sete filhos, e não tem uma profissão, não tem um curso, não tem nenhuma coisa que ela possa trabalhar para manter os filhos, porque sustentar só com o auxílio é difícil. Se falar para mim que vai ter qualquer curso, eu vou atrás e faço até chegar no final. É uma coisa que ocupa a cabeça, tem muitas mulheres com sonhos e às vezes não conseguem realizar”, disse.

Ela tem cinco filhos para criar, de 13, 11, 10, 7 e 2 anos. Parou de estudar aos 14 anos, quando teve o primeiro filho, e ainda não conseguiu voltar.

“Sonho em concluir os estudos um dia, principalmente porque os cursos mais avançados de salão exigem o Ensino Médio, para eu abrir meu salão”, pontuou.

Patriellen trabalha em casa e no fim do ano passado conseguiu renda de R$ 800 e comprou roupa para as crianças.

Processo seletivo - Até esta quarta-feira (17) estão abertas as inscrições do Processo Seletivo Simplificado para professor bolsista nos cursos ofertados pelo programa, que está inserido no Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego). A bolsa será de R$ 50 a hora aula, conforme publicado no Diário Oficial de Campo Grande.

As inscrições devem ser feitas presencialmente na sede da Escola de Educação Profissional da Funsat (Fundação Social do Trabalho), localizada na Rua 14 de Julho, 992, Vila Glória, das 8h às 11h e das 13h ás 16h.

A carga horária semanal de dedicação ao Programa ficará limitada a 16 horas. Fica vedado o acúmulo, por um mesmo profissional, de bolsas de diferentes atribuições.

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