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Capital

Depois de garantir pensão, Mauro espera indenização por ter ficado tetraplégico

O pedido de indenização chega a R$ 2.807.950,00, correspondente a 1.250 salários mínimos

Lucia Morel | 07/03/2022 16:48


Depois de garantir pensão de R$ 2,4 mil ao mês do Eco Park Clube, o ex-motorista de aplicativo Mauro Apparecido Moris Netto, de 44 anos, tenta agora na Justiça indenização por danos morais depois de acidente no clube em 2019. Ele ficou tetraplégico e teve toda a rotina de vida totalmente modificada.

O pedido de indenização chega a R$ 2.807.950,00, correspondente a 1.250 salários mínimos, divididos entre Mauro, a esposa e os dois filhos. A família alega que o parque não prestou nenhuma assistência no momento do acidente e não havia nem mesmo salva-vidas no local para prestar os primeiros socorros.

Segundo o advogado Eduardo Lemos Barbosa, no processo em que Mauro garantiu a pensão, o clube recorreu da sentença para o pagamento até o STJ (Superior Tribunal de Justiça), que manteve a condenação. A vítima começou a receber a pensão em maio de 2020 e ela vale até 2052, quando Mauro completa 74 anos, que segundo o entendimento judicial, corresponde à sua expectativa de vida.

“A liminar de primeiro grau foi mantida. O clube perdeu em todas as instâncias”, contou o advogado, que agora, acompanha o processo de indenização por dano moral. A audiência de instrução do caso começa amanhã e várias testemunhas serão ouvidas, entre elas, a esposa de Mauro, Juliana da Silva Moris, de 37 anos, e que é agente de saúde.

“Minha expectativa, por tudo que aconteceu, é que a gente tenha uma decisão favorável. Eles não deram suporte nenhum e fico mais chateada, porque vejo vídeos na internet de pessoas que passaram pelo que ele passou, mas foram bem socorridas e hoje, estão andando”, comenta.

Para ela, o que mais dói é o fato do marido não poder fazer atividades mínimas sozinho, como ir ao banheiro, por exemplo. É tudo com ela ou com a sogra, até mesmo massagem na bexiga para que ele consiga eliminar a urina. “Ele não consegue fazer sozinho e de três em três horas, até de madrugada, precisa fazer essa massagem”, relata.

Isso porque foi preciso retirar a sonda de Mauro depois de infecções urinárias recorrentes e sérias. Atualmente, além  de fisioterapia, ele já consegue fazer exercícios físicos na academia.

O que eu mais queria não é dinheiro.  Trocaria tudo pra que ele voltasse a andar, porque não tem nada como a saúde da gente. De não ter que depender do outro para fazer coisas simples”, lamenta, reforçando que é fácil cair na depressão nessas circunstâncias, mas que graças à família, eles conseguem. “Eu gostaria mesmo é de nunca ter pisado lá (no parque)”, revela.

Caso – Ao escorregar de um tobogã no Eco Park em 19 de janeiro de 2019, Mauro, na tentativa de desviar de três crianças, bateu com a cabeça no fundo da piscina, onde ficou sem qualquer auxílio até a ajuda de outro banhista. No dia do acidente, ele estava acompanhado da esposa e do casal de filhos menores de idade.

Conforme Juliana, houve falta de assistência no parque e lembra que, na ocasião do acidente, o Eco Park estava lotado, sem a presença de salva-vidas ou monitor, nem mesmo no momento do acidente para prestar primeiros socorros ao marido.

Na ocasião, relata, somente uma enfermeira consumidora tirou a própria canga e a enrolou na cabeça de Mauro para estancar o sangramento. Momentos depois, informou, chegaram alguns socorristas que disseram pertencer ao parque e que sequer dispunham de equipamento médico ou até gaze.

Mauro com a esposa e filhos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Mauro com a esposa e filhos. (Foto: Arquivo Pessoal)

De acordo ainda com Juliana, foi um banhista paramédico quem chamou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que chegou ao local meia hora depois. “Enquanto isso, um fisioterapeuta se aproximou do meu marido e tocou as pernas dele e, quando viu que ele nada sentiu, simplesmente me abraçou”, descreveu Juliana que, até então, não tinha percebido a gravidade do marido.

“Tudo atrasou no socorro e, quando saímos na ambulância, o portão do parque ainda estava fechado com cadeado”, lamentou. Ao chegar ao Hospital Santa Casa, após os exames adequados, o marido foi diagnosticado com tetraplegia: duas vértebras quebradas e a medula espinhal comprometida.

Juliana também disse que nem no dia do acidente obteve ajuda do parque. Teve que deixar os filhos sozinhos e contar com amigos para buscá-los.

O outro lado – A reportagem entrou em contato com o Eco Park que se manifestou através de nota emitida por sua assessoria jurídica:

"O Eco Park  vem a presença deste veículo de comunicação, por intermédio de sua advogada, informar que não pode apresentar manifestação sobre os fatos contidos na matéria jornalística datada de 07/03/2022, postada, inclusive no facebook.

O referido processo encontra-se sobre segredo de justiça e promover comentários ou apresentar documentos pode ensejar a tipificação do crime disposto no Artigo 10 da Lei nº 9.296 de 24 de Julho de 1996, motivo pelo qual o Eco Park não comentará os fatos aqui existentes.

Assim, não se manifestará mesmo tendo vasto material contendo imagens e demais documentos que demonstram em contrário as versões apresentadas na matéria, em respeito à lei e à família. Informamos apenas que o Eco Park está promovendo todas as medidas legais cabíveis ao caso e que as decisões judiciais comporão critérios técnicos, posto que a referida empresa cumpre todas as normas legais previstas na legislação e determinadas pelo corpo de bombeiros, sempre pensando na segurança dos seus associados e pessoas que utilizam suas instalações e que o caso em tela é fato isolado. 

Atenciosamente,

Eco Park Clube – Dra. Adriana de Souza Annes, BR 262, Km 320 - Campo Grande - MS."

* Matéria editada às 09h30 do dia 8 de março de 2022 para acréscimo de informações.


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