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Capital

“Desesperador esperar”, resume uma das mães solos no mutirão por vagas escolares

Defensoria pública realizou ação hoje para dar agilidade nos processos; 220 famílias devem ser atendidas

Natália Olliver e Antônio Bispo | 27/05/2023 11:01
Nathaly Barbosa procura vaga para filha há dois meses, ela estava no multirão para conseguir o acesso a EMEI (Foto: Paulo Francis)
Nathaly Barbosa procura vaga para filha há dois meses, ela estava no multirão para conseguir o acesso a EMEI (Foto: Paulo Francis)

A busca por uma vaga em creches e escolas é desesperadora para muitas mães. Isso porque, na maioria das vezes, são elas que lutam por esse direito dos filhos. Em Campo Grande quase 250 famílias foram atendidas no 8º mutirão da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, realizado na manhã deste sábado (27). Na ação o cenário foi o mesmo: muitas mulheres com crianças em busca de vagas. A ação é uma ajuda importante para aquelas que estão há meses na espera.

Ingrid de Souza Silva, de 31 anos, é mãe solo e está há dois meses aguardando. Ao Campo Grande News ela evidenciou a angústia para conseguir o acesso à rede educacional.

Ela destacou que acha torturante o que a sociedade incube às mães e a responsabilidade delas ter que fazer tudo sozinha.

“É desesperador a espera. Estou buscando vaga para minha filha de dois anos há um tempo. Eu procurei a defensoria e aqui só tem mães. Mas é isso mesmo vivendo, aprendendo e lutando”, completou.

Jéssica Calderoni, de 28 anos, mudou de endereço e precisa transferir os três filhos das escolas e EMEI, do bairro taquaral para o Caiobá.  A mais nova tem apenas 6 meses. “Eles falaram pra esperar, mas que vão entrar em contato em 30 dias. Seria vaga para os três, tenho um de 4 anos, um de 10 e uma de 6 meses. Como meu marido trabalha eu que vim sozinha”, disse.

Jéssica Calderoni precisa de vagas para os três filhos (Foto: Paulo Francis)
Jéssica Calderoni precisa de vagas para os três filhos (Foto: Paulo Francis)

Assim como Ingrid, Nathaly Barbosa Romeiro, de 19 anos, também espera dois meses por uma vaga na creche do bairro Aero Rancho. A atendente de telemarketing chegou a mudar de emprego para conseguir ficar com a filha.

“A demanda é muito grande não tinha previsão para conseguir. Fui até no Cras, mas só aqui na defensoria que resolve. Eu tive que sair do meu antigo emprego por causa disso, pra cuidar dela”.

A mãe de Nathaly ajudavaa filha como podia, levando a criança junto com ela para o trabalho. “Minha mãe é diarista e levava ela. No final a sociedade toda acaba deixando pras mães resolverem tudo”, acrescentou sobre o cenário observado.

Débora Paulino garante que multirões vão continuar, mas que serão feitos por demanda (Foto: Paulo Francis)
Débora Paulino garante que multirões vão continuar, mas que serão feitos por demanda (Foto: Paulo Francis)

A defensoria pública de Mato Grosso do Sul, Defensora pública, Débora Paulino, Coordenadora do Nudeca (Núcleo da Criança e do Adolescente), disse que as pessoas atendidas estavam aguardando no sistema e realizaram cadastro prévio.

A estimativa é de que a Defensoria tenha uma resposta sobre as vagas em até 30 dias. Se passado o prazo e a família não conseguir a vaga, é necessário que entrem em contato com a Semed (Secretaria Municipal de Educação) novamente orientou Débora.

“Temos que analisar cada situação, porque temos assuntos variados, grupo de irmãos que ficaram em salas separadas, a que realmente não tem vaga. A maioria nos procura porque não tem vaga nas EMEIS”. Como a procura tem sido grande, a Defensoria diz que os mutirões devem permanecer, mas que serão realizados de acordo com a demanda.

Mães procuraram Defensoria Púablica para conseguir vaga para os filhos (Foto: Paulo Francis)
Mães procuraram Defensoria Púablica para conseguir vaga para os filhos (Foto: Paulo Francis)

Sobre o cenário, quase todo, feminino, Débora ressaltou que a procura são sempre de mães, ou que não possuem companheiro.

”Às vezes os maridos estão trabalhando também no dia, mas a gente acaba vendo mais mulheres. É importante lembrar que para se apresentar, a pessoa precisa ser o responsável legal da criança e comprovar a responsabilidade”, pontuou.

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