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Capital

Em bairros com casos de dengue tipo 4, moradores estão assustados

Nadyenka Castro e Viviane Oliveira | 09/03/2012 17:49

Quem mora no Jardim Parati e Vila Eliane diz que cuida do seu espaço e coloca a culpa em quem joga lixo em terrenos baldios

Terreno baldio na Vila Eliane. (Foto: Viviane Oliveira)
Terreno baldio na Vila Eliane. (Foto: Viviane Oliveira)

Após a confirmação de dengue tipo 4 no Jardim Parati e na Vila Eliane, em Campo Grande, moradores destes dois bairros estão assustados e colocam a culpa do aparecimento da doença nas pessoas que jogam em terrenos baldios lixo, restos de animais e objetos que podem acumular água e servir de criadouro para o aedes aegypti.

”Eu cuido da minha casa, mas olha as condições desse terreno”, fala o vendedor Augusto Salles, 31 anos, apontando para o terreno que fica em frente à residência dele.

Augusto tem duas crianças em casa - de seis meses e três anos - e, por causa disso, fala que não tem plantas para não acumular água, não tem animais de estimação para evitar leishimaniose e mantém o quintal limpo.

Assim como Augusto, o pedreiro Hildebrando Cunha dos Santos, 48 anos, também não sabia que no bairro há casos de dengue tipo 4. Eles só ficaram sabendo quando a reportagem do Campo Grande News avisou e ambos disseram ter ficado assustados com isso. “A família fica em estado de alerta porque nesta época do ano é terrível”, diz Hildebrando referindo-se aos casos de dengue no período chuvoso.

”Aqui tem poucos terrenos sujos, mas, tem gente que joga pneu, cachorro morto. Os próprios moradores aproveitam estes terrenos baldios para jogar tudo quanto é tipo de lixo”, desabafa.

Vila Eliane - Distante do Jardim Parati, no outro canto de Campo Grande, na Vila Eliane os moradores também foram pegos de surpresa com a informação da dengue tipo 4.

“Assusta saber dessa notícia. Para quem já teve dengue é ainda pior”, fala a dona de casa Dilma Fernandes, 42 anos., que teve a forma clássica da doença em 2002. ”Aqui tem muito sujeira, mas os agentes de saúde se empenham para cuidar”, diz Dilma. “Ontem passou o fumacê”, lembra.

Marina dos Reis, 60 anos, não mora na Vila Eliane, mas, vai todos os dias ao bairro, na casa da filha, para cuidar dos netos de sete, quatro e dois anos. Ela conhece a região e também faz reclamação. “Aqui é cheio de caramujos. Tem muita sujeira. Fico assustada porque sempre tem uma pessoa que morre de dengue no verão”.

Hildebrando Cunha se preocupa porque sabe que nesta época do ano aparecem mais casos da doença. (Foto: Marlon Ganassin)
Hildebrando Cunha se preocupa porque sabe que nesta época do ano aparecem mais casos da doença. (Foto: Marlon Ganassin)
Augusto Salles fala que cuida da casa dele, mas, moradores não cuidam dos terrenos baldios.(Foto: Marlon Ganassin)
Augusto Salles fala que cuida da casa dele, mas, moradores não cuidam dos terrenos baldios.(Foto: Marlon Ganassin)

E agora? - Alcides Ferreira, coordenador de controle de vetores do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) explica que a informação sobre a dengue tipo 4 nos dois bairros chegou ao CCZ nessa quinta-feira e desde então agentes de saúde intensificaram os trabalhos nestes locais.

Estão sendo feitas visitas - tratamento local - nas casas onde moram as pessoas que estão com a doença e em um raio de 150 metros destes imóveis. Desde ontem o fumacê passa no local no fim da tarde.

Morte - Exame sorológico identificou que a dengue foi o que provocou a morte do jovem Elder Chaparo, de 24 anos, na madrugada do dia 29 de fevereiro, no Hospital Regional.

A Secretaria Estadual de Saúde agora espera o resultado do exame de tipagem para esclarecer qual foi o tipo de dengue e se outras doenças ajudaram a complicar o quadro.

Elder morava em Porto Murtinho e foi transferido no dia 28, por volta das 18h, para o Hospital Regional de Campo Grande com insuficiência respiratória e pneumonia. Os sintomas levantaram a suspeita de que o jovem estaria com dengue ou H1N1 (gripe suína).

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