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Capital

Em crise durante pandemia, Consórcio Guaicurus demite mais de 20 motoristas

Presidente do Consórcio de empresas de transporte coletivo alega que a queda no número de usuários é "dramática"

Ângela Kempfer e Aletheya Alves | 05/08/2020 19:04
Ônibus colocados a serviço de funcionários da saúde, no início da pandemia. (Foto: Arquivo/Kisie Ainoã)
Ônibus colocados a serviço de funcionários da saúde, no início da pandemia. (Foto: Arquivo/Kisie Ainoã)

Mais de 20 motoristas do transporte coletivo de Campo Grande foram demitidos nesta semana. Trabalhadores falam em 21 funcionários, o presidente do Consórcio Guaicurus confirma o número aproximado, mas diz que o levantamento exato só será repassado amanhã (6).

Segundo João Resende, a medida é reflexo da crise, com a queda "dramática" no número de usuários. A situação financeira piorou com o fim da ajuda federal, que garantia recursos para complementar salários de funcionários que tiveram a jornada reduzida ou que foram afastados por integrarem grupo de risco do coronavírus.

“O coronavírus está passando por cima de todo mundo, grandes empresas estão fechando e nós estamos na mesma situação de dificuldade”, disse o presidente.

O Governo Federal encerrou os repasses do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, criado em março, que complementava em até  70% os salários dos motoristas. Com a volta de 100% da responsabilidade de pagamento às empresas, a situação ficou "insustentável", justifica o presidente.

Há meses o Consórcio Guaicurus vem solicitando apoio da prefeitura de Campo Grande, alegando queda brutal na arrecadação por conta das medidas adotadas para controlar o avanço da covid-19 na Capital, como redução de passageiros por veículo.

Desde maio, o presidente do Consórcio Guaicurus, João Resende mostra números da queda na arrecadação. (Foto: Arquivo)
Desde maio, o presidente do Consórcio Guaicurus, João Resende mostra números da queda na arrecadação. (Foto: Arquivo)

"No domingo foi dramático, rodamos 10 mil quilômetros para transportar apenas 986 pessoas", reclama João Resende.

Segundo dados do Consórcio, no mês de junho, o balanço foi de 1,5 milhão de passageiros transportados, quando em um cenário normal seriam 3,2 milhões. O mês de maio fechou com 5 milhões e o anterior com 4 milhões de pessoas. Antes do período de pandemia estes números superavam os 10 milhões.

No geral, de acordo com o presidente do Consórcio, as arrecadações caíram em 55% durante o período da pandemia, enquanto os gastos com combustível, por exemplo, reduziram cerca de 25%.

Diante desse cenário, ela avisa que mais cortes estão previstos.  “Ninguém tinha noção do que ia acontecer, mas até agora não foi tomada nenhuma providência para mudar o quadro”.

No dia 20 de julho, motoristas fizeram paralisação contra multa imposta pela prefeitura. (Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami)
No dia 20 de julho, motoristas fizeram paralisação contra multa imposta pela prefeitura. (Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami)

Multa e greve - No mês passado, o transporte coletivo sofreu mais uma crise. Motoristas pararam o dia 20 de julho, em protesto contra lei municipal que transforma punições administrativas em multa aos trabalhadores.

Entre as medidas, prevê, por exemplo, cobrança de penalidade ao motorista que embarcar passageiro fora do ponto ou ao trabalhador que atrasar o horário previsto para rota determinada, coisas consideradas corriqueiras na rotina diária.

A queda de braço com o município começou dias antes, quando a Prefeitura de Campo Grande multou o Consórcio Guaicurus, em R$ 12 milhões, por não contratar o Seguro de Responsabilidade Civil, Geral e de Veículos, obrigatório em contrato com o município.


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