Em viaduto da UFMS, "estrutura está arrebentando", alerta engenheiro
"De zero a 10 eu daria uma nota 4,0 para este viaduto”, complementa o projetista de pontes José Francisco de Lima.
A situação dos viadutos da Capital continua chamando a atenção de especialistas. Desta vez, o ponto crítico está na Rua Rui Barbosa, sobre a Costa e Silva, na região da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
É possível encontrar rachaduras nos pilares e observar a falta de concreto na parte debaixo da alça superior, o que permite avistar até mesmo a estrutura de ferro que dá suporte para o cimento. Para o engenheiro e projetista de pontes José Francisco de Lima, os problemas aumentam ainda mais os riscos de acidentes.
“A estrutura está arrebentando e precisa recuperá-la o mais rápido possível. Aqui nós conseguimos ver que os pilares estão se rompendo e isso é muito grave”, aalerta. A principio, as rachaduras parecem escondidas e quem passa de carro por baixo do viaduto, pela Avenida Costa e Silva, pode não perceber. Mas basta analisar a parte de trás dos pilares para encontrar fissuras e até mesmo pontos onde parte do concreto já se soltou.
“Com o tempo, a armadura começa a oxidar, ela alarga, e o concreto cai”, revela Francisco. No mesmo local, é possível perceber que a parte superior da estrutura também está danificada, possivelmente devido aos veículos altos que passam “arranhando” o concreto e acabam levando embora parte do cimento. “Querendo ou não, isso já está afetando a estrutura, pode trazer danos mais graves”, afirma o especialista.
Uma placa instalada na alça superior do viaduto indica que apenas veículos menores de 4 metros e 70 centímetros podem passar pelo local. Mas não é preciso muito tempo de observação para avistar caminhões passando que quase atingem o limite. “Isso é um tipo de coisa que vai afetando profundamente a estrutura”, revela José Francisco.
Mesmo não sendo possível prever em quanto tempo as condições do viaduto podem motivar um acidente, o especialista alerta para a necessidade de uma manutenção urgente no local. “De zero a 10 eu daria uma nota 4,0 para este viaduto”, complementa.
Ernesto Geisel - Mas as atenções também devem se voltar para outros pontos da Capital. Na Avenida Ernesto Geisel, por exemplo, dois viadutos e uma ponte com alta concentração de veículos também necessitam de manutenção. Por mais que as estruturas montadas estejam “em bom estado”, conforme o engenheiro, alguns cuidados periódicos não estão sendo tomados.
“Os neoprenes (suportes em borracha que dão apoio para diminuir o atrito das pontes com os pilares de sustentação) estão desgastados. A vida útil desses aparelhos é de 20 anos, mas o ideal é que eles sejam trocados antes”, revela. Ainda de acordo com a explicação do especialista, sem a borracha, o atrito do viaduto com o pilar seria ainda maior, o que provocaria um grande desgaste na estrutura.
Uma das alternativas para o problema, de acordo com José Francisco, seria erguer os viadutos – mesmo que um lado de cada vez – para fazer a substituição do equipamento. No cruzamento da Avenida Ernesto Geisel com a Rua Manoel da Costa Lima, no bairro Guanandi, é perceptível o desgaste da borracha. O material, que possui uma forma quadrada, já está inclinado.
Na Ernesto Geisel com a Salgado Filho, as falhas devido à falta de manutenção também são visíveis e vão da falta de concreto em pilares ao asfalto. “Com o viaduto em si está tudo certo. Mas percebemos que falta manutenção e a estrutura é igual carro, se você não faz manutenção, estraga”, ressalta José Francisco. No local é possível encontrar pilares que perderam algumas lascas de concreto e, mesmo a situação ainda não sendo crítica, “é o que dá início ao processo que pode provocar fissuras maiores”, afirma o especialista.
Na parte superior, buracos no asfalto indicam que a pavimentação na Avenida Salgado Filho necessita de melhorias. “Parece um problema pequeno, mas é possível avistar a laje do viaduto onde o asfalto está quebrado. Isso pode começar a afetar de perto a estrutura do viaduto”, avalia o engenheiro.
Risco para pedestre - Alguns quilômetros à frente, na Avenida Ernesto Geisel com a Avenida Mascarenhas de Morares, nenhum problema na estrutura do viaduto foi encontrado pelo especialista. Mas também são necessárias manutenções. “Aqui o risco maior é para o pedestre. Quem passa por aqui à noite pode encontrar dificuldades”, avalia ele, referindo-se a um pedaço da grade de proteção quebrada e ao concreto que divide o espaço dos pedestres e veículos.
No sábado passado, o Campo Grande News já havia publicado matéria sobre o viaduto da Avenida Ceará e da Afonso Pena. No local, o arquiteto e urbanista Elvio Garabini revelou problemas aparentes, que precisam ser resolvidos antes que representem alto risco para a população.
Sobre o viaduto da Ceará, a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) respondeu, por meio da assessoria de imprensa, que engenheiros foram enviados até o local, "onde não foi constatado nenhum problema estrutural". A Sisep informa que serão feitos alguns reparos pontuais, de rotina, que não comprometem a segurança das travessias.
Já sobre o viaduto da UFMS, a Sisep apenas confirmou que a situação é ruim, mas não detalhou o que será feito no local.
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