Empresária cadeirante reclama da falta de acessibilidade em show
Bianca Ravagnani conta que precisou da ajuda de amigos para conseguir chegar até a entrada do show

Apesar de ter vivenciado momentos incríveis no retorno ovacionado da cantora Marisa Monte à Capital sul-mato-grossense na noite desta sexta-feira (28), a empresária e médica veterinária Bianca Ravagnani, de 43 anos, constatou que a organização do evento não estava totalmente preparada para receber PCDs (Pessoas com Deficiência) e descreve dificuldades desde o momento em que chegou ao local.
Ao Campo Grande News a cadeirante disse que foi informada sobre a falta de estacionamento destinado às pessoas com mobilidade reduzida. Devido a situação, ela precisou parar o carro longe da entrada e contou com ajuda de amigos para conseguir chegar até o show, que foi realizado no Ginásio Poliesportivo Avelino dos Reis, mais conhecido como Guanandizão.
“Perguntei onde era o estacionamento para PCD e falaram que não tinha. O lugar era uma grama, que estava encharcada, não tinha condições, era muito longe do ginásio. Eles não tinham um preparo, poderiam ter feito em locais mais acessíveis”, relata.
Bianca não desmerece a produção, mas evidencia que não sentiu-se acolhida: ”Me colocaram no lugar bom, bem no alto, bem tranquilo, o que fiquei meio incomodada foi com a falta de preparo. Me fez lembrar que pessoas PCDs não ocupam esses lugares, não costumam sair muito. Eles improvisaram um lugar pra eu ficar. Puro despreparo, falta de informação e orientação”.
Para ela, os organizadores deveriam ter dados mais explicações aos funcionários do evento sobre o atendimento a pessoas com deficiência: “Eles não se importam em dar orientação de como agir com pessoas com deficiência, não só cadeirante, mas com mobilidade reduzida também. Na hora que cheguei no ginásio os seguranças olharam pra minha cara como quem diz: O que vamos fazer com essa mulher?".
A produção do show negou que tenha faltado acessibilidade. À reportagem a organização explicou que o espaço para PCDs em ginásio é, por lei, fixo na parte de trás, na frente ou nas laterais.
"Nas laterais ela não tinha conforto para assistir o show. Então todo espaço para cadeirante ficou na parte de trás. Se comprou arquibancada ela tinha direito de ir para a pista, isso foi informado. Nós avisamos que o estacionamento nem existia. A gente criou um estacionamento. A obrigação da produção é na porta do show e nós fizemos isso", disse.
Ainda segundo a produção, em eventos feitos em ginásios não é permitido que os cadeirantes fiquem na frente, caso aconteça algum incidente. "Eles precisam ser os primeiros a sair caso não os últimos".