Família de florista morta pelo ex acredita que crime foi premeditado
"Ele premeditou, se preparou", disse uma das irmãs da vítima, que veio de MG para assistir ao julgamento
É julgado desde as 8h desta quarta-feira (23) na 2ª Vara do Tribunal do Júri, Suetônio Pereira Ferreira, de 59 anos, o Tony. Ele cometeu o primeiro feminicídio registrado em 2020, em Campo Grande. A vítima foi a ex-namorada Regiane Fernandes de Farias, 39 anos, alvejada a tiros quando chegava para trabalhar numa floricultura no Bairro Carandá Bosque, pouco antes das 8h.
A família da florista, que compareceu em peso nesta manhã no plenário, acredita que o crime foi premeditado. Vinda de Minas Gerais para acompanhar o julgamento, a médica-veterinária Regislaine Fernandes, 36 anos, irmã caçula da vítima, disse que nada vai trazer a vida de Regiane de volta, mas os familiares desejam pena máxima para o réu. “Hoje, a minha irmã não tem voz, mas nós temos”, afirmou. Os dois filhos de Regiane, de 21 e 24 anos, também acompanham o julgamento.
Segundo Regislaine, na época, a família não tinha conhecimento do relacionamento do casal. “Ninguém conhecia ele. A gente entende que ela sofria ameaças e nos poupou com medo de envolver mais pessoas. Só ficamos sabendo dele no dia do crime. Esse relacionamento foi uma surpresa pra gente”, contou.
Ao falar sobre o crime, Suetônio alegou depressão e esquecimento, mas disse que estava noivo de Regiane e que no dia 4 de abril, o casal iria viajar em lua de mel para Maceió. Informação contestada por Regislaine.
“Isso não faz o menor sentido. Nossa família é muito unida. Somos três irmãs de idades próximas e muito amigas. Se um fato desse existisse [casamento], todo mundo saberia. Ele premeditou o crime, se preparou. Ela vinha sofrendo ameaças, por isso, escondeu esse relacionamento da gente, estava sendo coagida”, contou.
Segundo a irmã, na época do crime, Regiane estava separada havia 2 anos, era muito trabalhadora, tinha dois empregos, vivia na correria e só folgava aos domingos. “Mesmo assim, ela ainda arrumava freelance, porque precisava trabalhar, era a provedora da casa, muito boa e de coração bom”, destacou.
No dia do fato, Regiane chegava para trabalhar, quando foi surpreendida por Suetônio e atingida com dois tiros de revólver calibre 44. Depois disso, ele atirou contra a própria cabeça, foi socorrido, ficou internado sob escolta por cerca de duas semanas e depois, foi transferido para a prisão. A vítima também foi socorrida, mas morreu horas depois. O resultado do julgamento será divulgado no período da tarde.