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Capital

Florista venceu o câncer de mama, mas não escapou do feminicídio

Regiane chegou a perder os cabelos após quimioterapia na luta contra doença

Clayton Neves | 19/01/2020 17:59
Regiane faria 40 anos no próximo dia 26. (Foto: Reprodução Facebook)
Regiane faria 40 anos no próximo dia 26. (Foto: Reprodução Facebook)

Lutar contra um câncer na mama e ter de enfrentar sessões de quimioterapia foi uma batalha que, embora árdua, a florista Regiane Fernandes de Farias, de 39 anos, conseguiu vencer anos atrás. No entanto, na manhã do último sábado (18), a florista não conseguiu escapar daquele que foi seu último combate: o feminicídio que pôs fim à risada da mãe, conhecida por distribuir sorrisos a quem encontrava.

Regiane foi baleada pelo ex-namorado, Suetônio Pereira Ferreira, de 57 anos, quando chegava na floricultura onde trabalhava, no Bairro Carandá Bosque. Mesmo depois de ferida, ela ainda lutou para viver, mas acabou não resistindo e morreu horas depois da Santa Casa de Campo Grande, faltando uma semana para completar 40 anos.

“Ela tinha um coração enorme e por onde passou, deixou uma sementinha, um legado. Fez quimioterapia e ficou sem cabelo para vencer o câncer, mas sempre sorrindo. Nunca vi ela triste ou reclamando da vida”, lembra Regilene Fernandes, de 39 anos, irmã da vítima.

A servidora pública afirma que a família não conhecia Suetônio e por isso, acredita que o relacionamento tenha sido algo rápido e sem importância. “Ninguém sabia dele”, revela.

Agora, a irmã afirma que o melhor a se fazer é “deixar tudo na mão de Deus”, já que nada vai trazer Regiane de volta. Para superar a dor, a família diz que procura conforto na fé e na esperança de um dia encontrá-la na eternidade.

Apaixonada por flores, Regiane chegou a trabalhar em duas floriculturas ao mesmo tempo, só para estar entre elas. Era um serviço que se confundia com hobby.

Na última empresa em que trabalhou, conheceu Jaqueline Silva, de 22 anos. Amiga com quem dividia tarefas e confidências. Emocionada, a vendedora lembra com carinho da amizade que durou cerca de 10 meses, mas que parecia vir de anos.

“Ela me tratava como uma filha. Quando eu estava mal me ligava a noite para perguntar como eu estava, e no outro dia, sempre levava um presentinho para me alegrar. Era uma mulher maravilhosa que não media esforços para ajudar”, afirma.

Na tarde deste domingo (19), amigos e familiares se reuniram no Cemitério Monte das Oliveiras para o último adeus à florista. “Um dia a gente vai se encontrar com ela, que era a flor mais linda do nosso jardim”, finaliza a irmã.

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