Família de homem morto pela esposa contrata advogado e contesta legítima defesa
Josiley Fernandes Ribeiro, 43, confessou ter esfaqueado marido e alega que se defendia de agressões

A família de Carlos Henrique de Oliveira, de 42 anos, morto a facadas pela esposa, a empregada doméstica Josiley Fernandes Ribeiro, 43, na madrugada de domingo (26), em apartamento no Jardim Morenão, contratou o advogado José Belga Trad para acompanhar o inquérito policial e a acusação. Os clientes do criminalista negam que a vítima tenha agredido a mulher, que alega ter reagido com duas facadas.
“Ao contrário da versão exibida amplamente nos últimos dias, Carlos não pode ser definido pela pecha de agressor e há inúmeros indícios de que a versão da autora do crime não se sustenta, o que será esclarecido pela investigação policial que está em curso”, diz a nota enviada pelo advogado, em nome da família.
Belga Trad afirma ainda que, já na fase inicial das apurações, foram identificadas “contradições” nas alegações de Josiley.
Os familiares de Carlos Henrique estão incomodados com o juízo feito sobre a vítima do homicídio. “Comentários como os que reverberam a versão da autora do crime, enquanto a vítima agonizava no chão, são insensíveis em relação à sua memória e ao luto de seus inúmeros familiares e amigos, que no momento buscam encontrar alívio para o seu sofrimento enquanto são bombardeados com comentários de cunho extremamente desrespeitoso sobre a sua índole e seu comportamento, que não coadunam com a verdade”.
Morte – Josiley Fernandes Ribeiro foi presa em flagrante após matar o companheiro, ainda na madrugada de domingo.
Ela relatou que, na noite de sábado (25), saiu com uma amiga enquanto Carlos Oliveira estava no trabalho. Por volta das 4h de domingo, ao retornar para casa, ela encontrou o companheiro bebendo com um amigo no apartamento.
Os dois discutiram. No depoimento prestado à polícia, a amiga, de 30 anos, disse que Carlos passou a agredir Josiley, a jogou no chão e tentou sufocá-la. O amigo dele ajudou a mulher a escapar. Ela correu para a cozinha, pegou faca. A testemunha relata que ele ainda teria dito, em tom de deboche: “Você vai me matar?”.
Ao ser atingido, Carlos saiu do apartamento com o peito ensanguentado e foi para a rua em busca de ajuda. Outra testemunha relatou que a vítima andou alguns metros pela calçada dizendo: “Tô morrendo, chama a polícia, chama o bombeiro”.
Na sequência, o homem deitou na calçada, próximo ao meio-fio. Josiley ainda com a faca nas mãos foi até o marido e ainda desferiu outro golpe nele.
Josiley se sentou no meio-fio, deixou a faca de lado e começou a falar: "homem não bate em mim. Não vou deixar homem bater em mim, não".
Na polícia e na Justiça - Na delegacia, Josiley confessou ter esfaqueado o marido. Ela passou por audiência de custódia nesta manhã e foi libertada, por ser considerada ré primária, ter residência fixa e trabalho lícito, como doméstica, com registro na carteira.
Na decisão, o juiz Luiz Felipe Medeiros Vieira concedeu a liberdade provisória com a condição de que a doméstica mantenha endereço atualizado e compareça em todos os atos do processo. Ela foi indiciada por homicídio simples.