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Capital

Família de vítima da dengue diz que houve omissão no atendimento

Paula Vitorino e Luciana Brazil | 10/01/2013 10:23
O filho Luiz (de camiseta azul) e a irmã Janete afirmam que família irá processar Estado e Prefeitura por negligência no atendimento. (Foto: Rodrigo Pazinato)
O filho Luiz (de camiseta azul) e a irmã Janete afirmam que família irá processar Estado e Prefeitura por negligência no atendimento. (Foto: Rodrigo Pazinato)

Familiares da primeira paciente morta por dengue neste ano, Vanderléia de Souza Oliveira, 45 anos, afirmam que houve negligência no atendimento do posto de saúde Vila Almeida e no Hospital Regional. A família informou que irá processar Prefeitura e Estado pelo descaso no socorro, que eles acreditam, provocou a morte de Vanderléia.

Eles afirmam que a mulher morreu no pronto-socorro do HR, sem receber atendimento, mesmo tendo sido encaminhada da unidade de saúde pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) em estado grave.

“Viram ela gritando de dor e diziam que não podiam atender porque ela estava sem documento”, relata com indignação a sobrinha, Gislaine Oliveira de Araújo, de 29 anos.

O filho de Vanderléia, André Luis Oliveira Pereira, de 23 anos, diz que a mãe chegou ao Hospital por volta das 17h de segunda-feira (7) e permaneceu no pronto-socorro, sem atendimento, até às 19h10, quando morreu.

O atendimento foi negado, segundo os familiares, porque a mulher foi encaminhada do posto de saúde sem os documentos pessoais. O filho, que aguardava na recepção, ao ser comunicado voltou imediatamente ao posto, mas antes de retornar ao Hospital a mãe morreu.

Ele afirma que deixou os documentos da mãe junto com ela, quando a paciente estava na maca do posto de saúde. Mesmo assim, a paciente foi transferida pelo Samu sem os documentos e o prontuário médico.

Vanderléia já tinha sido atendida no posto de Saúde duas vezes. A série de descasos e a peregrinação em busca de atendimento começaram na manhã de sábado (5).

“Ela estava se sentindo mal e levamos para o posto de manhã, mas só foi atendida à tarde. O posto estava um caos e o médico receitou soro e dipirona”, conta o filho.

Em casa, Vanderléia apresentou aparente melhora no domingo, mas na madrugada de segunda-feira começou a sentir fortes dores no corpo, na barriga e nas costas.

“Chegamos ao posto no início da manhã e só às 14h ela foi atendida. A médica viu o estado grave e já pediu o encaminhamento pro HR, mas ela só chegou no hospital por volta das 17h”, diz o irmão Carlos Alberto Souza, de 49 anos.

“Eu ainda tentei explicar o estado da minha irmã, que não conseguia nem falar de tanta dor, mas o médico mandou eu ficar quieto e esperar do lado de fora”, acrescenta.

Indignação – Os familiares vão entrar com ação contra a Prefeitura por descaso e contra o Estado devido o HR ter negado atendimento.

Na certidão de óbito entregue pelo Hospital à família, consta como causa morte: parada cardiorrespiratória e falência múltipla de órgão de causa básica a esclarecer. A certidão tem o nome de um médico, mas não está assinada. Ainda consta que a paciente teve “convalescia de tratamento de câncer”.

Vanderléia já tinha feito tratamento contra câncer no útero, mas a família diz que há pelo menos 2 anos ela só fazia acompanhamento para prevenção e que todos os exames davam negativo para a doença.

“Eu fico pensando se nosso pai, que tem 85 anos, tiver dengue também. Vai morrer. Porque não tem atendimento e o estado se agrava se a pessoa tem a saúde um pouco mais frágil”, diz a irmã Janete Oliveira Araujo, 51 anos.

A irmã Patrícia de Oliveira, 40 anos, ainda lembra que Vanderléia tinha reclamado semanas antes da morte do lixo acumulado às margens de córrego perto de sua casa, no Jardim das Reginas.

“Ela tinha comentado que estava cheio de lixo e que era um perigo pra dengue e outras coisas”, diz.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura e Hospital Regional, e aguarda resposta.

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