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Capital

“Feriadão” ainda não surtiu efeito e internações continuam em alta

Mobilidade urbana não foi reduzida expressivamente e faltam leitos para tratar quaisquer agravos de saúde

Guilherme Correia | 26/03/2021 11:14
Manifestação pedia pelo não fechamento durante pior momento da pandemia na cidade e Estado (Foto: Kísie Ainoã/Arquivo)
Manifestação pedia pelo não fechamento durante pior momento da pandemia na cidade e Estado (Foto: Kísie Ainoã/Arquivo)

Medidas restritivas e "feriadão" ainda não mostram, na prática, redução nas internações por covid-19 em Campo Grande. Como forma de garantir arrefecimento de leitos de terapia intensiva, a prefeitura antecipou feriados e, junto ao governo estadual, tomou providências para reduzir mobilidade urbana na cidade - que é principal fator que favorece disseminação do vírus.

Conforme a plataforma InLoco, Mato Grosso do Sul tinha 38,1% de sua população em casa no primeiro dia dessa medida. Houve melhora de apenas menos de 8%, já que a segunda-feira anterior registrou índice de 31%.

A reportagem acessou dados do painel Mais Saúde, elaborado pela SES (Secretaria Estadual de Saúde) com atualizações feitas pelos próprios hospitais, e analisou registros de internação apenas no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), que é o principal no combate à covid-19 no Estado.

Desde 13 de março, a instituição passou a contar com 113 leitos habilitados oficialmente. Até então, eram 83. Mesmo assim, em diferentes momentos da pandemia, a quantidade das UTI's variou conforme demanda.

Ao Campo Grande News, o médico infectologista Julio Croda comenta que a habilitação de leitos é feita conforme a quantidade de pacientes em todo o Estado, de forma a não manter equipe e custos para leitos sem pacientes. "O Ministério da Saúde já não estava pagando os leitos de covid-19, e o Estado e Capital deveriam arcar com esses custos. Só vão habilitar no momento da necessidade".

É importante ressaltar que, em diversos momentos, houve mais pacientes do que leitos disponíveis. Parte disso é justificado por leitos que ainda não tinham o aval oficial do governo federal, mas que já recebiam pacientes.

Apesar disso, a atual preocupação do sistema de saúde se dá pelo alto índice de pacientes que ocupam leitos improvisados e inadequados, ao invés de leitos que meramente não foram mapeados pelo sistema, mas que atendiam vítimas da virose corretamente.

Conforme o levantamento, houve leve redução em internações a partir de segunda-feira (22), quando as restrições e "feriadão" passaram a vigorar. Eram 125 internados no início da semana, enquanto ontem eram 116.

Apesar disso, esse índice ainda é superior a demanda informada pelo próprio sistema. "É difícil, tem que esperar mais um pouco [para afirmar se houve redução]", diz Croda.

Quando o serviço atinge o limite máximo, fica difícil entender desaceleração, porque você ainda não tem uma quantidade adequada. [A pequena redução] pode ser reorientação do fluxo para outros hospitais", comenta o pesquisador.

Conforme dados do governo estadual, Mato Grosso do Sul já registrou 4.045 mortes e mais de 208,4 mil casos desde o início da pandemia. Março já é o mês mais letal desde que os primeiros casos foram registrados - são 686 óbitos, enquanto dezembro (587 óbitos) é segundo mês com maior quantia de registros.

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