Fisgadas em festa regada a champanhe, vítimas de pirâmide perderam R$ 800 mil
Uma delas, moradora na Vila Planalto, diz que perdeu todas as economias e hoje vive do auxílio emergencial
Ação na Justiça de Mato Grosso do Sul cobra devolução de R$ 800 mil e narra o enredo de golpe com promessa de muito dinheiro, onde o alvo é fisgado em festa cheia de glamour, regada a uísque importado, champanhe francesa e vinhos caríssimos. A cobrança é feita por cinco vítimas.
Rebatizada de marketing multinível, a prática se revela a antiga pirâmide, em que o negócio vem abaixo quando pessoas param de ser recrutadas. De acordo com o processo de nulidade de contrato, que tramita na 13ªvara Cível de Campo Grande, a proposta era obter renda com os serviços de compra e venda de moedas virtuais (criptomoedas).
As ações poderiam ser compradas com investimento de R$ 2 mil a R$ 10 mil. A promessa era rentabilidade mensal mínima de 299 dólares por ação (R$ 1.686) Atualmente, de acordo com o advogado José Luiz Saad, a rentabilidade é de R$ 0,10.
Conforme a denúncia, os irmãos Eliane Medeiros de Lima e Antônio Marcos Medeiros de Lima criaram plataforma de investimentos e trade de criptomoedas denominada Cointrade Crypto Exchange, formada inicialmente no Uruguai. Na sequência, foi criada a Cointrade C.X, com sede em São Paulo, para operar no Brasil.
“A estrutura da Cointrade, altamente exuberante, tinha um único objetivo, fazer vistas de competência, seriedade e dizia ser capaz de obter altos lucros aos olhos dos possíveis compradores de suas ações, fazendo com que estes clientes, ao contemplarem tal estrutura, cressem realmente na ‘boa-fé’ dos requeridos e num desenvolvimento de uma atividade séria, equipada e que seria altamente lucrativa”, informa o processo. As ações não tinham autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Uma das vítimas, moradora na Vila Planalto, relata que investiu R$ 8 mil, perdeu e passa pela pandemia com auxílio emergencial do governo. Já um casal de Santa Catarina investiu R$ 500 mil.
“Eles não são ricos, são pessoas que se desfizeram de seus bens para entrar no sistema. Os irmão simularam uma briga e desviaram o dinheiro. Começaram a comprar patrimônio próprio, carros, apartamentos”.
A ação tramita desde fevereiro na Justiça e ainda não houve decisão.
Ao Campo Grande News, Eliane Medeiros informou que “minha vida sempre foi pautada pelo trabalho e cumprimento irrestrito das normas legais”. E prossegue: “caso tenha sido, de fato, proposta a referida ação judicial, apresentarei minha manifestação pelos meios jurídicos apropriados, assim que for cientificada do inteiro teor do processo.”
A reportagem fez contato com a Cointrade C.X por rede social, mas não obteve retorno até a publicação da matéria. O Campo Grande News não conseguiu contato com Antônio Marcos Medeiros de Lima.