Fria e indiferente, mulher nega envolvimento em tortura de menino
Suspeita foi presa em Aquidauana e é apontada como mentora dos rituais em que criança era torturada
A mulher de 60 anos presa nesta terça-feira (1) em Aquidauana, distante 135 km de Campo Grande, suspeita de participar junto com mais três pessoas de torturar de um menino de 4 anos durante rituais de magia negra, continua negando sua participação no crime. Os outros três suspeitos, presos na semana passada, afirmam que ela seria a mentora das sessões e das torturas.
De acordo com o delegado Paulo Sérgio Lauretto, responsável pelo caso, durante quase quatro horas de depoimento a mulher se mostrou muito fria e indiferente e, apesar de não parecer abalada com o que aconteceu com a criança nem com a própria prisão, chamou os outros três suspeitos de mentirosos. Ela é mãe da tia do menino, que tinha a guarda dele desde maio do ano passado e que também está presa.
A mulher teria dito, inclusive, não conhecer a criança e que o único contato que teve com ela foi em novembro do ano passado, quando veio para Campo Grande comprar medicamentos e passou na casa da filha e viu o garoto.
"Ela manteve a mesma versão do depoimento dado no dia 24 de fevereiro, afirma ser evangélica e nega a participação e o conhecimento do que acontecia", afirmou Lauretto.
Na casa da mulher, que mora sozinha em Aquidauana, a polícia não encontrou nenhum material que tenha ligação com sessões de magia. Mas, vizinhos afirmaram que em alguns dias estranhavam a movimentação de pessoas e os barulhos na casa dela.
Ainda esta semana, o delegado Lauretto pretende ouvir uma diretora de um Ceinf (Centro de Educação Infantil). Ele não soube informar se a criança frequentava a creche, mas vai chamar a servidora para esclarecer alguns fatos.
Caso – O homem de 46 anos, a mulher de 31 e o jovem de 18 são suspeitos de torturar o menino de 4 anos durante rituais de magia negra. A polícia começou a desvendar o caso na terça-feira (23), após ser acionada pelo Conselho Tutelar Centro, que constatou queimaduras e marcas de espancamento pelo corpo do menino, que está internado na Santa Casa. Todos estão presos e devem responder por tortura qualificada e abandono de incapaz, com pena superior a 10 anos de prisão.