Greve em creches leva ao desespero mães que trabalham fora na Capital
Mães e trabalhadoras campo-grandenses já sentem na pele os efeitos da greve que tem a adesão de 80% dos funcionários dos Ceins (Centros de Educação Infantil) na Capital. Muitas mulheres tiveram que faltar o dia de serviço para cuidar das crianças e já fazem planos de como irão enfrentar a paralisação das atividades, que começou nesta quinta-feira (14).
Este é o caso da empregada doméstica Elaine de Oliveira da Silva, 27 anos, que tem um filho de dois anos matriculado em uma unidade no Bairro Lageado. Sem ter como cuidar da criança, trabalhar e alimentar o recém-nascido de 4 meses, ela se desespera ao pensar no que vai fazer daqui pra frente.
“É complicado porque não é qualquer patrão que aceita a gente ficar afastada tanto tempo. Não conheço ninguém e não tenho condições de pagar alguém para cuidar das crianças. Hoje eu dei um jeito, mas amanhã eu nem sei o que vou fazer”, explicou Elaine.
A recepcionista Daniele da Silva, 26, passa pela mesma situação. Mãe solteira, ela ainda não conseguiu uma babá para cuidar da pequena Dhyorrana da Silva, de 2 anos, que está matriculada no Ceinf Joana Mendes, localizado no Bairro Parque do Sol. “Hoje eu tive que faltar serviço. O pior é que as coisas não estão fáceis e ainda irão descontar do meu salário”, destacou.
A atendente de lanchonete Jéssica Aparecida dos Santos Narcizo, 24, disse que não pode ficar sem trabalhar se não ficará sem ter como comprar produtos de alimentação. “Hoje está tudo caro no mercado, mal compro mistura e fraldas para meu bebé. R$ 300 não é nada, imagina ficar sem trabalhar. A prefeitura deveria resolver seus problemas sem prejudicar a população”, concluiu.
A equipe de reportagem do Campo Grande News esteve nesta tarde no Bairro Lageado e encontrou o Ceinf Ranza Bedoclin Domingos com a portas fechadas. O cenário é de total abandono e reflete a crise que o município de Campo Grande tem passado.
Para resolver a situação, a prefeitura afirmou que irá substituir os funcionários que estão greve para garantir o pleno funcionamento dos 100 ceinfs da rede municipal de ensino. “Não vamos admitir que quase 14 mil crianças matriculadas na educação infantil sejam prejudicadas”, informou o secretário Municipal de Administração, Wilson do Prado, que interinamente ocupa também a Secretaria de Educação.
Romper contrato com a Seleta Caritativa e Humanitária e Omep (Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar), que administram as unidades, também foi cogitado pela prefeitura. Em resposta, a presidente do Senalba (Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional), Maria Joana Barreto Pereira, falou que se isso acontecer o município deverá pagar multa.
“Eles irão pagar multa. Para você ter noção, estamos sendo pressionados a voltar a trabalhar. Essa história que eles irão substituir funcionários, não tem como existir, se ainda estivermos em greve”, apontou Maria Joana.
Segundo ela, uma reunião está sendo realizada com os diretores dos ceinfs nesta tarde na Semed (Secretaria Municipal de Educação) para resolver o impasse.
Entramos em contato com os presidentes da Seleta e Omep para obter mais esclarecimentos sobre a greve, mas as ligações não foram atendidas até a publicação desta matéria.