Grupo com 17 adolescentes é detido por "bagunça" dentro do Shopping
Um grupo de 17 jovens foi detido há pouco dentro do Shopping Campo Grande por suposto tumulto no espaço de recreação Playland. Os seguranças foram acionados porque, segundo os funcionários do local, eles estavam gritando. Foi o suficiente para o grupo ser seguido pelos corredores, abordado na descida de uma das escadas rolantes e submetido à revista em plena praça central.
São 12 rapazes e 5 garotas. O Boletim de Ocorrência foi registrado por "descumprimento de ordem judicial". A Polícia Militar configurou a presença do grupo como o dito “rolezinho” por conta da aglomeração, que foi proibida pela Justiça sul-mato-grossense. A decisão proibia algazarra neste domingo dentro do Shopping.
O oficial de Justiça, Gerson de Oliveira, explicou que os maiores de idade que integram o grupo serão intimados e citados da decisão judicial e depois soltos. Já os adolescentes só serão liberados mediante a presença dos pais.
Mas no geral, a manifestação esperada para a tarde deste domingo no Shopping Campo Grande, mobilizou mais a segurança do que a juventude. Com exceção do episódio no Playland, o movimento é como de qualquer outro fim de semana, com a diferença da revista dos “suspeitos”.
Garotos ou garotas que aparecem de mochila são abordados em todas as portas de entrada e têm de mostrar o que guardam nas bolsas. Sem reclamar, um a um vai atendendo ao pedido e logo são liberados.
Nem a calmaria do início da tarde impediu a direção do Shopping de barrar a imprensa. Nenhum repórter, fotógrafo ou equipes de TV tiveram autorização para entrar e acompanhar o domingo do lado de dentro.
A Polícia Militar reforça a segurança com homens distribuídos por pontos de ônibus e áreas interna e externa do Shopping. Também há uma comissão da OAB, criada para acompanhar a atuação policial e evitar abusos, além de um grupo Fórum Municipal da Juventude, acionado com o mesmo propósito.
Já quem resolveu passear ou fazer compras, parece alheio aos acontecimentos.
A cozinheira Micheli Rocha, de 29 anos, percebeu certa diferença na rotina do centro de compras, mas nunca imaginou se tratar de ação contra possíveis tumultos. Ela, o esposo e 3 filhos foram ao shopping para um dia de diversão. “Não sabia disso de rolezinho. Mas gostei da segurança 100% melhor”, comenta.
A educadora física Simone Fernandes, de 45 anos, também nem sequer tinha ouvido falar da possibilidade de um protesto no shopping. Quem deu a “aula” sobre “rolezinho” foi a filha de 14 anos. “Viemos ver coisas para o inicio das aulas. Estava de férias, me desliguei de tudo”, justifica a mãe.
O presidente da comissão da Ordem dos Advogados, Eduardo Brandão, lembra que a entidade atuou em 2 frentes. A preventiva negociou com responsáveis pela página no Facebook, criada para mobilizar a juventude, e também com a PM e a segurança do shopping, para evitar discriminações e outros abusos.
Hoje, o trabalho é de fiscalização e mediação de possíveis conflitos. Mas até às 18h ninguém precisou intervir porque nenhum grupo organizado apareceu para se manifestar. A confusão só ocorreu por volta das 18h10.
Sobre a baixa adesão ao movimento, que propagava ser pacífico, ele acha que é um efeito da Justiça. “Receio que muitos não apareceram temendo eventual responsabilização”, comenta sobre decisão da Justiça sul-mato-grossense de proibir o "rolezinho".
Já a coordenador do Fórum Municipal da Juventude, Gustavo Alonso, 30 anos, acha que tudo não passou de uma “tempestade em copo d’água”.
A maioria dos jovens que desce neste final de tarde nos pontos de ônibus dos Shopping Campo Grande passa direto, segue para mais um domingo ouvindo música nos Altos da Afonso Pena ou tomando tereré no Parque das Nações.