Há 34 dias sem radioterapia, Hospital suspende 1,7 mil procedimentos
A novela sobre a chegada da peça para o conserto do aparelho de radioterapia do Hopistal do Câncer Alfredo Abrão, em Campo Grande, vai durar mais tempo do que o previsto. Após 34 dias de espera, desde o último dia 21 de setembro, quando um pique de luz queimou a peça da câmara de ionização, o material ainda não chegou, embora estivesse previsto para o começo da semana.
O problema no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, retardou a chegada do objeto e somente hoje (24) foi liberado pela fiscalização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), segundo o hospital.
Com a média de 60 procedimentos/dia, o Hospital do Câncer deixou de fazer 1740 procedimentos, sem contar os dias de domingo quando não é realizado atendimento.
A direção do hospital diz ter um profissional à espera da peça, e assim que ela chegar a manutenção da maquina é prioridade.
A peça foi comprada no Reino Unido, por 10 mil dólares, pois no Brasil ela não é comercializada.
De acordo com a assessoria de imprensa, o período que pacientes ficaram sem a radioterapia não vai prejudicar o tratamento. Eles receberão complemento nas próximas sessões.
Não houve transferências para outras unidades porque o tempo sem radioterapia não compensa os trâmites necessários para encaminhamentos e, além disso, outras unidades já têm os seus próprios pacientes.
O secretário de Saúde, Leandro Mazina, declara que em casos de necessidade é preciso acionar a Secretaria Municipal de Saúde, que faz o encaminhamento. Sobre o prejuízo aos pacientes, ele diz que “cada caso é um caso”, explicando que não se pode generalizar e que é preciso avaliação em cada paciente.
Com o problema no Hospital do Câncer, resta a pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde), a Santa Casa e a Clínica NeoRad, terceirizada do HU (Hospital Universitário) há pelo menos dois anos.
O HU e a Santa Casa estão em uma lista de prioridades do Ministério da Saúde para receber recursos para reativação do serviço de oncologia. No entanto, de acordo com o MPF (Ministério Público Federal), ambos hospitais pedem exclusão da relação.
Por conta disso, o MPF impetrou ação civil pública onde cita a terceirização do tratamento contra o câncer e pede a volta da oferta no HU.
Diante disso, o MPF pede à Justiça Federal liminar para que haja imediata adesão do hospital ao plano do governo federal e que adote todas as medidas para receber e manter em funcionamento os equipamentos de radioterapia, inclusive contratando os profissionais necessários.
O MPF pede também o estabelecimento de multa diária de R$ 3 mil, caso haja descumprimento da ordem judicial, que deve ser cobrada diretamente da reitora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Célia Maria Silva Correa Oliveira, e do diretor-geral do HU, José Carlos Dorsa Vieira Pontes. Já a União deve manter o HU na lista de prioridades do Plano de Expansão da Radioterapia no SUS.