Investigação do Gaeco diz que policiais usavam a própria arma para roubar
Pistola PT100 calibre .40 de sargento e revólver Taurus de major que se intitulava coronel foram apreendidos
A investigação apresentada pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e realizada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) aponta dois policiais militares como peças-chaves da quadrilha de jogo do bicho do interior que tenta assumir o controle na Capital.
De acordo com os policiais, o grupo liderado pelo deputado estadual Roberto Razuk Filho, o Neno Razuk (PL), tinha dois policiais militares como “braço direito” para comandar o esquema de jogos de azar.
O gerente da organização criminosa apontado nos autos é o major da Polícia Militar Gilberto Luiz dos Santos, conhecido como “Coronel Barba”. Apesar de não ter uma das maiores patentes da corporação, ele se autointitulava "coronel". A investigação afirma que essa era a forma de o suspeito impor respeito e ganhar autoridade na atividade criminosa.
O outro era o sargento da reserva da Polícia Militar, Manoel José Ribeiro, o “Manelão”. Os dois foram presos no início do mês, durante a Operação Successione. Eles permanecem detidos e tiveram a prisão temporária convertida em preventiva. As armas dos militares também foram apreendidas.
“Barba” andava com um revólver da marca Taurus e “Manelão” uma pistola PT100, calibre .40. Com ele também foram encontradas 26 munições da marca CBC, calibre 380.
A dupla já se conhecia de longa data, quando trabalharam juntos em Dourados, a 251 km de Campo Grande. A cidade do interior é a mesma de origem de Neno, e conforme a investigação, o grupo que já comandava o jogo do bicho no interior estava disputando espaço com um grupo paulista para assumir o monopólio dos jogos de azar na Capital.
O MPMS aponta que os motociclistas que faziam o trabalho de recolher os malotes do jogo do bicho do grupo paulista e que foram vítimas dos roubos armados do grupo de Neno reconheceram “Manelão”, como um dos assaltantes.
Em oitiva no Garras (Delegacia de Repressão a Roubo de Bancos, Assaltos e Sequestros), o sargento confirmou que estava armado, com munições, por ser policial militar aposentado. A arma era do mesmo tipo da descrita pelas vítimas.
Defesa – A defesa dos suspeitos afirmou que os militares não participam de organização criminosa e que jamais praticaram roubo. Disse ainda que os assaltos foram forjados.
Também foi ressaltado que ambos são réus primários, são amigos de Neno e estavam na residência onde ocorreu a apressão para jogar poker.
Por conta do recesso forense, a tentativa de HC (Habeas Corpus) para liberar os militares ficará para o próximo ano.
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