Irmã de pedestre morto revive dor de perder quem se ama após atropelamento
Paulício era de Maringá, mas vivia em Campo Grande há 20 anos e faleceu ontem, depois de ser atropelado por motorista bêbado
Nascido em Maringá, Paulício Antônio Santos Bandeira, 50 anos, vivia há pelo menos 20 anos em Campo Grande e faleceu ontem, na Santa Casa de Campo Grande, com complicações depois de ser atropelado por motorista bêbado no último domingo à tarde.
Irmã de Paulício, Patrícia Bandeira da Silva, 51 anos, chegou hoje da cidade paranaense e veio somente para acompanhar os trâmites do enterro do irmão, que será feito amanhã. Ao Campo Grande News, ela fala da indignação de perder o irmão da mesma forma que perdeu o marido, há 20 anos: atropelado.
“Acho que é uma mistura, um pouco de tudo, de tristeza, de revolta. Não sei como estou de pé aqui. Acho que são as orações que estão me dando força”, revela, ao falar que está hospedada na casa de pastor da igreja que o irmão frequentava.
“Meu marido era pedreiro e eu estava com minhas filhas pequenas, uma de 10 meses e outra de quatro anos. Por causa disso, meu irmão foi um pouco pai das minhas filhas quando estava em Maringá”, comentou.
O peso da morte fica mais profundo ao lembrar que há 11 meses a mãe deles, aos 79 anos, também se despediu dessa terra e agora, Paulício diz adeus. “Ela era diabética, tinha 79 anos, morreu nos meus braços. Deu uma crise de hipoglicemia”, lamentou.
Para ela, o fato do autor do atropelamento estar preso, mostra justiça. “Sei que ele não conseguiu fiança, pelo que me informaram aqui na cidade hoje”, disse, enfatizando que seu irmão só será enterrado amanhã devido a demora nos trâmites burocráticos do atestado de óbito e na Polícia Civil. “Tive que ir pegar roupas dele ainda, o que demorou mais”.
Professor de Geografia formado pela UEM (Universidade Estadual de Maringá), Paulício chegou a lecionar e a passar em concursos públicos tanto aqui quanto no seu Estado de origem, mas devido a problemas particulares, acabou sendo exonerado e afastado das funções.
Atualmente, levava a vida tocando violão em frente à Lojas Americanas, no centro de Campo Grande, algo que gostava de fazer. “Acho que o legado que meu irmão deixou é de ser um cara muito otimista, um sonhador”, afirma Patrícia.
Morando em um barraco no bairro onde foi atropelado, o Los Angeles, Paulício, foi lembrado como professor nas redes sociais. Amiga dele, que não terá o nome divulgado, o homenageou dizendo que ele era “uma pessoa especial que tinha suas particularidades e uma inteligência sem igual”.
Para a amiga, professora da rede municipal de Campo Grande, que também demonstra sua indignação, “a irresponsabilidade mata e te tirou do meio de nós. Estamos tristes por sua partida. Ficará na lembrança suas conversas e risadas, e sua paixão pela sua mãezinha que nunca cansava em falar da dor e amor que tinha por ela. Descanse em paz professor!”.