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Comportamento

Artista é chamado até de vagabundo, mas não desiste da liberdade da rua

Argentino, Nicolas abandonou emprego de serralheiro para fazer pirofagia nos semáforos de Campo Grande

Por Clayton Neves | 30/04/2025 06:24
Artista é chamado até de vagabundo, mas não desiste da liberdade da rua
Há 15 anos, Nicolas faz arte em semáforos da cidade. (Foto: Juliano Almeida)

Natural de Santa Rosa, na província de La Pampa, o argentino Nicolas Ignácio, de 32 anos fez uma escollha de vida ousada. Há 15 anos, abandonou a profissão de serralheiro para viver como artista de rua em Campo Grande, a mais de 2.400 km de casa.

Especialista em pirofagia, arte circense de manipular objetos em chamas,  Nicolas se apresenta nas ruas da cidade e diz que nunca foi tão feliz e tão bem pago com o que faz.

“Eu ganhava R$ 500 por semana trabalhando de segunda a sábado, o dia inteiro, e não tinha tempo para mais nada. Agora, trabalho cinco ou seis horas por dia consigo buscar minha filha na escola, tomo café tranquilo e faço meus exercícios”, compara. Segundo elez os ganhos são variáveis mas chegam a dois salários mínimos.

Artista é chamado até de vagabundo, mas não desiste da liberdade da rua
Nicolas aprendeu pirofagia com grupo de artesãos argentinos. (Foto: Juliano Almeida)

No currículo do argentino, estão coberturas metálicas, portões e grades, aprendidos desde criança com o pai na oficina da família. Mas foi em uma igreja abandonada, ocupada por um grupo cultural em sua cidade natal, que o caminho começou a mudar.

“Eles davam oficinas de arte, ensinavam de tudo: violino, serigrafia, malabares... foi lá que aprendi e comecei a me apaixonar”, lembra.

O espírito aventureiro sempre fez parte da vida do artista. Com 18 anos cruzou a fronteira e foi para o Rio de Janeiro, onde comprou seu primeiro monociclo e começou a se apresentar nas ruas.

Artista é chamado até de vagabundo, mas não desiste da liberdade da rua
Argentino tem 32 anos anos e veio para a Capital por conta de uma paixão. (Foto: Juliano Almeida)

Segundo ele, a chegada em Capital foi por acaso. Ele se apaixonou por uma campo-grandense, se casou e, com o nascimento da filha, fincou raízes na cidade.

No vai e vem de carros nos semáforos, o 'hermano' diz Campo Grande é uma cidade com gente mais fechada. "Não é como em outras cidades onde você senta numa conveniência e acaba passando a tarde toda com desconhecidos”, comenta.

Ainda assim o artista conquistou espaço e rejeita o preconceito que vira e mexe enfrenta. “Muita gente olha e me manda trabalhar, me chamam de vagabundo. Mas eu estou trabalhando. Só que do meu jeito, fazendo arte. E a rua me dá uma liberdade que nenhum emprego dá. Isso não tem preço”, relata.

Artista é chamado até de vagabundo, mas não desiste da liberdade da rua
Atualmente, artista trabalha de 6 a 7 horas por dia nas ruas. (Foto: Juliano Almeida)

Mesmo com planos de um dia montar a própria serralheria, Nicolas não pretende abandonar a rua tão cedo. “Aqui é minha escola, minha terapia e minha alegria. É onde recebo carinho de verdade. Tem quem não valorize, mas tem quem me aplauda. Isso, pra mim paga muito mais que dinheiro", finaliza.

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