Justiça revoga prisão de policial suspeito de integrar quadrilha de cigarreiros
Moacir era o únicos dos três policiais rodoviários federais que permaneciam presos, desde que a operação foi deflagrada em julho
A Justiça Federal concedeu liberdade ao policial rodoviário federal Moacir Ribeiro da Silva Netto, preso desde julho do ano passado em operação que desarticulou um esquema de contrabando de cigarros através da fronteira de Mato Grosso do Sul.
Na decisão o juiz substituto da 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande, Felipe Bittencourt, arbitrou fiança para que o policial fosse liberado e também estabeleceu outras medidas cautelares. Entre elas, que o policial não permaneça em regiões de fronteira do Estado, incluindo Dourados, cidade onde Moacir reside.
“Amanhã mesmo iremos tentar revogação dessa condição, mas ela for mantida ele permanecerá em Campo Grande”, comentou o Wellyngton Ramos Figueira, que atua na defesa de Moacir. A previsão é de que o policial deixe o Centro de Triagem Anízio Lima, no complexo pena de Campo Grande, na tarde desta quarta-feira (21), ainda segundo o advogado.
Outros envolvidos – Moacir era o únicos dos três policiais rodoviários federais que permaneciam presos, desde que a operação foi deflagrada 31 de julho de 2019. Alaércio Dias Barbosa e Paulo Henrique Xavier foram soltos no mês passado. Escutas telefônicas revelaram que Moacir chegou a atuar como batedor de carga ilegal da quadrilha. Ele era lotado no posto da PRF de Rio Brilhante, e Alaércio, do Posto Capey. Na acusação, consta que Xavier fazia parte do núcleo operacional, sendo um dos gerentes do esquema.
A operação – As investigações que levaram à operação tiveram início em julho de 2018, com a apreensão de caminhão carregado com 430 mil maços de cigarro do Paraguai. No transcorrer das investigações foram 19 carregamentos apreendidos em caminhões e carretas e 26 pessoas presas. Segundo a PF, os valores de produtos ilícitos apreendidos, em contagem superficial, ultrapassam R$ 70 milhões.
As investigações demonstraram a participação de policiais e de um agente político na organização criminosa. A identidade do político ainda é desconhecida. Ainda conforme a PF, os policiais envolvidos no esquema recebiam propina para facilitar a entrada do cigarro contrabandeado no território nacional e para circulação nas estradas.
A denúncia do MPF descreve a hierarquia da organização criminosa. Os setores são chefia, núcleo operacional e de apoio logístico, núcleo financeiro, núcleo responsável pela corrupção de policiais, e núcleo de agentes policiais responsáveis pela facilitação do contrabando. No topo, são apontados como chefes Francisco Job da Silva Neto (preso em MS) e José Antônio Mizael Alves (preso em São Paulo). No núcleo operacional, são destacados três gerentes: Irismar Gadelha Soares (vereador de Riacho dos Cavalos, na Paraíba), Fernando da Silva e Paulo Henrique Xavier (preso em MS).