Limpeza de lote dá início a disputa entre moradores no Bairro Coophamat

Jardineiro alega que vive há 17 anos no local onde máquina destruiu casas e plantações

Por Jéssica Fernandes e Clara Farias | 20/03/2025 16:58

Limpeza de lote dá início a disputa entre moradores no Bairro Coophamat — Máquina realiza limpeza em lote particular, no Bairro Coophamat. (Foto: Osmar Veiga)

Limpeza de área particular no Bairro Coophamat foi o estopim para uma disputa entre moradores. Na tarde desta quinta-feira (20), enquanto o trator retirava partes de uma construção, um homem denunciava que agora não tinha mais onde morar.

A disputa por um lote no Bairro Coophamat, em Campo Grande, gerou tensão após a limpeza do terreno. Milton Leandro, que alega viver no local há 17 anos, afirma que foi forçado a sair sem notificação formal. O proprietário, representado pela advogada Beatriz Navarini, diz que o terreno foi vendido em 1999 e que a limpeza atende a uma ordem da prefeitura. O advogado de Milton contesta a ação, enquanto a advogada do proprietário afirma que o local estava abandonado e que a limpeza é necessária. O caso está sendo acompanhado por advogados de ambas as partes.

Milton Leandro, de 61 anos, diz que vive há 17 anos no lote da Rua Tenente Antônio João Ribeiro, onde foram construídas duas casas de madeira. O jardineiro expõe que um homem, que alega ser proprietário do terreno, deu prazo de cinco dias para que ele saísse do lote. “Não entregaram nenhum papel, nada. Eles disseram que iam me por em uma área da prefeitura, que não é nem dele”, fala.

Ele recebeu o prazo há alguns dias e, por conta disso, contratou um advogado para o representar. Mario Augusto Garcia assumiu o caso. À reportagem, o advogado explica que o proprietário deu aval para que a máquina passasse por cima de tudo, inclusive do que Milton plantou.

“Chegou um senhor falando que tem documento do imóvel, com trator com tudo. Foi quebrando tudo, as coisas dele tudo lá no terreno. O terreno todo plantado, pé de manga, laranja, limão”, pontua.

Notificação - A advogada do proprietário dos lotes, Beatriz Navarini, também conversou com a reportagem. “O Paulo é dono de loteamento, ele tem muito lote em Campo Grande. Periodicamente recebemos ofícios da prefeitura para fazer a limpeza desses lotes”, afirma.

A limpeza do terreno começou na sexta-feira (14) quando também teve início a reivindicação pela área. “Esse senhor saiu da casa dele e alegou que ele tem a posse desse terreno há 17 anos, que foi o senhor Luiz Neves que deu”, conta.

Porém, a advogada enfatiza que o terreno nunca foi doado e sim vendido para o atual proprietário em 1999. Ainda na semana passada, Milton teria pedido um prazo para poder retirar a lenha que juntava em outro ponto do lote. Só que nesse meio tempo, Beatriz relata que recebeu um áudio do advogado de Milton.

“Então esse pedido dele pra gente dar um prazo para retirada, na verdade foi pra ele conseguir contratar um advogado para tentar entrar com esse processo”, esclarece.

Em relação ao lote, a advogada pontua que o local estava coberto de mato e que está sendo cumprida a ordem da prefeitura para limpeza. Segundo ela, algumas pessoas tentaram impedir a operação. “O pessoal tentou entrar na frente da máquina hoje”, diz.