Lotação estaria sob controle na Capital se leitos não fossem desativados
Se a quantidade de pacientes em terapia intensiva fosse a mesma de alguns meses atrás, o HRMS não suportaria demanda hospitalar

Se a quantidade de leitos de terapia intensiva do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) fosse a mesma verificada nos primeiros meses mais críticos da pandemia do novo coronavírus em Campo Grande, a lotação hospitalar não atingiria índices mais críticos como os que tem sido registrados nas últimas semanas.
Em outubro, quando quase 30 leitos foram desativados, a direção do Hospital informou ao Campo Grande News que a redução na demanda de pacientes com a covid-19 e aumento de outros casos, não relacionados ao vírus, foram alguns dos motivos que levou à desativação de parte da estrutura. Outro fator relatado à época para a desativação de leitos é a dificuldade, em recursos financeiros e humanos, para mantê-los “para sempre”.
Dados do Painel Mais Saúde, vinculado à SES (Secretaria Estadual de Saúde) e Ministério da Saúde, indicam que ontem havia 127 leitos de terapia intensiva no Hospital e 126 estavam ocupados por pacientes com ou sem coronavírus. Em 21 de setembro, com a mesma quantidade de pacientes internados nessa estrutura, havia 148 disponíveis - 21 a mais.
Já a assessoria de imprensa da unidade hospitalar aponta dados diferentes, conforme já noticiado, que indicam presença de 118 leitos críticos até o fim da tarde de ontem (7), sendo que 122 (103%) estavam ocupados - cinco pacientes aguardavam vaga na "ala vermelha", o pronto-socorro do Hospital.
Com base no painel, a reportagem levantou a quantidade de leitos de UTI disponíveis e a quantidade dessas unidades que estavam ocupadas entre julho e dezembro. 12 de outubro e 27 de setembro foram os dias com maior quantidade de pacientes nesses leitos, 135, número que se fosse verificado hoje, não haveria possibilidade de suportar a demanda. (clique na legenda para filtrar o gráfico)
Os dados mostram que entre o fim de outubro e metade de novembro houve grande redução nas internações e uma conseguinte redução na disponibilidade de leitos críticos. Apesar disso, logo em seguida esse índice começou a subir e tem apresentado uma crescente, não somente no HRMS.
Prevista pela SES nesse mês, essa crescente fez com que o principal Hospital no combate à covid-19 comece a ganhar leitos ao longo das últimas semanas para suportar essa demanda clínica. Por meio de nota, a SES informa ao Campo Grande News que 30 leitos de terapia intensiva já foram reativados na Capital nos últimos 15 dias, e que há previsão de reativação de 68 novas UTIs junto à Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública).
Segundo a Sesau, não houve indisponibilidade de leitos em hospitais de Campo Grande, enquanto a entrada de pacientes em unidades de pronto atendimento e centros regionais de saúde apresenta "constantemente pacientes aguardando vagas" por se tratar de unidades flutuantes que funcionam como porta de entrada para demais unidades.
Todo paciente com suspeita ou confirmação de covid-19 que dá entrada em uma das unidades de saúde da capital é avaliado, estabilizado - caso haja a necessidade - e permanece em observação no local ou é encaminhado para repouso domiciliar. Nos casos em que ele permanece nas unidades, é medicado e assistido pela equipe de saúde das unidades, sendo a necessidade de transferência avaliada constantemente", diz nota enviada pela Sesau.
Nota enviada pela assessoria de imprensa da pasta ainda esclarece que mais 10 leitos de UTI foram reativadas no Hospital Regional para atender um "eventual aumento na demanda", e que há "tratativas com outros hospitais para ampliar ainda mais o número de leitos".
Demais hospitais - Nesta manhã, a Santa Casa de Campo Grande possuía 82% de ocupação geral, sendo que no CTI (Centro de Terapia Intensiva) destinado a pacientes adultos com covid-19, todas as 10 vagas disponíveis estavam sendo utilizadas.
Já o Hospital Universitário registrava 100% de ocupação dos 232 leitos clínicos, com apenas três pacientes confirmados ou suspeitos com o coronavírus.
O Hospital Cassems Campo Grande possui 81 pacientes internados, entre suspeitos e confirmados, sendo que 36 estão em UTI. A taxa de ocupação de leitos críticos está em 90%. Por fim, o Hospital Unimed possui 105 internados entre suspeitos e confirmados, sendo que há apenas uma UTI e três leitos de enfermaria disponíveis.
Em Mato Grosso do Sul, depois de reunião do titular Geraldo Resende com o Ministério da Saúde, houve habilitação de leitos em Dourados, Paranaíba, Ponta Porã e Corumbá.
(*) colaborou Anahi Zurutuza