Memória afetiva atrai até evangélicos na fila pelo peixe da Sexta-feira Santa
Clientes lembraram da infância e dos ensopados que regavam as reuniões de família anos atrás
A fila quilométrica para comprar peixes na Peixaria do Mercadão incluía evangélicas que lembravam da infância e dos ensopados que regavam as reuniões de família anos atrás. “Fui criada comendo peixe na Sexta-feira Santa”, contou Marta Francisca, 48 anos, que é pedagoga. Ela saiu do Bairro Vida Nova para garantir o pescado.
Ela vai fazer pintado assado e moqueca de tilápia para ela e para o marido. “Não vamos reunir a família toda porque cada um tem sua programação, mas pra mim é um momento para relembrar a infância. Sou evangélica, mas não me impede de manter a tradição”, comentou.
Para ela, comer peixe na Sexta-feira Santa “é uma memória afetiva através da comida” e que isso a alegra e traz boas lembranças. “No que se refere à fé, é interessante cada um ter seu livre arbítrio e não é por não ser católica que não vou comer peixe. Somos devotos de um único Deus”, ensina.
A funcionária pública estadual Juci Soley, de 48 anos, também compartilha dessa ideia e diz que mesmo sendo evangélica mantém o hábito na chamada Semana Santa. “Não sou católica, mas sou cristã. Vamos reunir a família para comer ensopado. O peixe na Sexta-feira Santa é um costume da família”, conta.
Ela lembra que quando era criança via as tias e a mãe fazendo os ensopados e pretende manter isso. “Com certeza vou passar pras próximas gerações, para os netos”, disse, falando ainda que seus filhos e netos vão se reunir hoje para comerem um ensopado de pintado e ainda um pirão.
Já a editora de vídeo Ana Paula Cabreira, de 35 anos, é católica e o almoço de hoje vai ter pacu recheado. “Vamos almoçar eu, meu marido e meus dois filhos. Eu acho que é importante mantermos a tradição, principalmente se está dentro dos ensinamentos da igreja”, sustentou.
Por fim, Vanessa Brasil, de 42 anos, é técnica de segurança do trabalho e vai fazer uma moqueca de pintado. “Sou apegada à igreja, mas também vou muito pela tradição. Na minha família, quem costumava cozinhar eram minhas mãe, tias e avó. Me lembro disso e também do peixe assado e da moqueca”, relembra.
Na saída da peixaria, ainda havia uma banca com temperos para quem não havia comprado ingredientes para as receitas com os peixes, e podiam comprar pimentão, salsinha, coentro, cebolinha, tomate, batata, entre outros itens. A peixaria fecha ao meio-dia desta sexta-feira e reabre amanhã em horário normal.
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