Meta de 70% de adultos imunizados em MS não é suficiente, dizem infectologistas
Secretário de saúde comemorou aplicação das doses e disse que Estado está próximo de atingir a marca
Ao contrário da análise feita pela SES (Secretaria Estadual de Saúde), Mato Grosso do Sul ainda está longe de atingir a chamada imunidade coletiva. Para especialistas, existe equívoco na maneira como o Governo mede o percentual de pessoas protegidas, contagem que não leva em conta a população geral do Estado, incluindo crianças, adolescentes e até quem se nega a tomar a vacina.
Infectologista, a médica Andyane Freitas Tetila explica que para atingir esse patamar de proteção, é preciso que pelo menos 70% da população tenha se vacinado, no entanto, a porcentagem refere-se a 100% dos moradores, incluindo crianças e adolescentes. “É preciso considerar a população global, não apenas grupos contemplados com a vacina”, pontua.
De acordo com ela, a imunidade coletiva do Estado está comprometida, porque crianças e parte dos adolescentes ainda não tiveram acesso ao imunizante e parcela considerável da população se recusa a tomar a vacina.
Apenas em Campo Grande, segundo balanço da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), é de aproximadamente 58 mil, o número de pessoas que se recusaram a se vacinar. “São pessoas suscetíveis a carregar o vírus e que estão circulando por aí. Nossa maior preocupação, é que as transmissões podem acontecer e com isso, até surgir uma variante que a vacina não consiga combater. Seria uma tragédia”, esclarece.
Durante live nesta sexta-feira (17), o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, comemorou o avançado processo de vacinação em Mato Grosso do Sul e afirmou que o Estado se aproxima da proteção coletiva.
Conforme o “Vacinômetro" da Secretaria Estadual de Saúde, mais de 93,71% do público alvo já recebeu a primeira dose da vacina e outros 69,33% completou o ciclo vacinal, no entanto, os números levam em consideração somente pessoas com 18 anos ou mais e aquelas que pertencem a grupos prioritários, sem levar em consideração crianças, adolescentes e quem se recusou a tomar a vacina.
Rivaldo Venâncio, infectologista e pesquisador da Fiocruz, também é categórico ao dizer que, diante do cenário encontrado, Mato Grosso do Sul não tem imunidade coletiva. “Digo que o ideal seria ter 80% ou 85% da população protegida com anticorpos. Evidentemente que estamos bem melhores que meses atrás, mas o problema não está superado, por isso, é preciso continuar com as medidas de proteção”, relata.