Moradores protestam e pedem fiscalização de caminhões que fogem de balança
Veículos destroem asfalto, prejudicam comércio e colocam vida de crianças em risco, dizem moradores
Moradores do Bairro Indubrasil, no Núcleo Industrial, em Campo Grande, voltaram a fechar as ruas para protestar contra caminhões que utilizam o bairro para fazer o retorno na BR-262 e desviar da balança do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). O dispositivo móvel fiscaliza os veículos na rodovia para checar se há excesso de peso e a origem dos produtos transportados.
A vizinhança se reuniu na Rua do Ganso, localizada há quatro quadras da balança, e impediram o trânsito no local. Moradores colocaram fogo em pneus e galhos de árvores no meio da via e pedem fiscalização da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) para os caminhões e denunciam descaso e abandono do poder público com o bairro.
Para escapar da balança, os caminhões entram dentro do bairro, pela Avenida Antônio Nogueira da Fonseca, e depois viram na Rua do Ganso, que é metade de chão e metade asfaltada. A parte asfaltada está danificada pelo tráfego dos veículos de grande porte.
Moradores também reclamam da segurança dos pedestres, pois o Cras (Centro de Referência de Assistência Social), escolas e creches estão localizadas onde o fluxo dos caminhões é mais intenso. O problema já havia sido noticiado pelo Campo Grande News em setembro de 2022.
Segundo o comerciante Celso Silva Machado, de 53 anos, após a matéria que saiu no site no ano passado, o problema foi resolvido, mas após o período eleitoral, em outubro, os caminhões voltaram a passar dentro do bairro. O comerciante reclama que os caminhões levantam muita poeira e destroem o asfalto, pois não suporta o peso.
Celso relata que o fluxo dos caminhões está afetando o comércio local e que recentemente um laja a jato teve que fechar as portas, pois os carros, recém-levados, acabavam ficando empoeirados ao sair do estabelecimento.
Tenho uma loja de roupas e calçados e só posso atender de portas fechadas. Ainda tenho que limpar o tempo todo e ficar jogando água na calçada para amenizar a poeira. Todos os moradores da região reclamam. A nossa rua está cheia de buracos, causados pelas carretas, se a rodovia já sofre, imagine o nosso asfalto".

De acordo com o relato do comerciante, os caminhões passam a 40 quilômetros por hora pela rua, mas têm dificuldade de frear por conta do excesso de peso, o que coloca em risco a vida dos moradores, pois na região há fluxo constante de crianças que frequentam a escola e a creche do bairro. "Os alunos mal conseguem atravessar a rua por conta do fluxo das carretas".
O morador explica que um fiscal da Agetran chegou a visitar o bairro, mas nenhuma providência foi tomada para solucionar o problema. "Exigimos um quebra-molas. Precisamos que a Agetran coloque uma sinalização proibindo eles de fazer o retorno aqui no bairro. Já foram enviados três oficios para a Agetran e até hoje não nos deram um parecer".
Celso chama atenção para os transtornos causados também pela localização da balança, que está na entrada do bairro e fecha metade do acesso, o que prejudica a entrada dos moradores, que acabam acessando o local de maneira irregular. "A prefeitura abandonou o bairro de uma tal forma que nem limpeza tem mais. Temos registrado acidentes nos buracos do asfalto e também na entrada do bairro”.
Danielly Cristina Machado, 27 anos, tem uma lanchonete na Rua do Ganso e relata que precisa limpar as mesas o tempo todo, pois acumula muita poeira. Ela observa que os moradores só têm sossego aos finais de semana, quando a balança não funciona, pois os caminhões não precisam desviar para escapar da fiscalização. "Os clientes não chegam a reclamar, mas a gente sabe que incomoda, você senta pra comer um pastel e vem aquela poeira na sua cara. Agora, no período seco, a gente sofre mais ainda com a situação".
A comerciante comenta que presenciou um motociclista cair com a moto em um buraco aberto no meio da vida, em frente ao estabelecimento. Pouco tempo depois, uma mulher e uma criança caíram com a bicicleta.
A reportagem entrou em contato com a Agetran para questionar a fiscalização dos caminhões e apurar a respeito do atendimento da demanda dos moradores, que pedem por sinalizações e fiscalização mais efetivas.
Também foi feito contato com a Sisep (Secretaria Municipal De Infraestrutura E Serviços Públicos), para questionar a respeito da manutenção do asfalto, que segundo relato dos moradores, está bastante danificado e não recebe manutenção há muito tempo. Até o fechamento da matéria, os órgãos não haviam enviado a resposta.
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