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Capital

Motoristas cogitam deixar parquímetro e migrar para estacionamento privado

Decisão judicial atende pedido da empresa e obriga Prefeitura a reajustar para R$ 3,30 o valor do parquímetro

Izabela Sanchez e Fernanda Palheta | 15/10/2019 09:45
Cliente espera para pagar o parquímetro na região central (Foto: Marcos Maluf)
Cliente espera para pagar o parquímetro na região central (Foto: Marcos Maluf)

A decisão da Justiça que obriga reajuste de 37,5% no preço do parquímetro – e que atendeu a pedido da empresa Flexpark – já circula pela região central de Campo Grande. Para quem tem de estar sempre nessa região, o valor maior é motivo para migrar, de vez, para estacionamentos.

O que os motoristas, clientes das lojas do Centro e comerciantes dizem é que se o preço – hoje em R$ 2,40 – subir para R$ 3,30, o jeito é pagar ainda mais caro, mas deixar o carro em local seguro e fechado. O parquímetro funciona nas ruas. De modo geral, o consenso, entre eles, é que o serviço não deveria “nem ser cobrado”.

É o que comentou o técnico em enfermagem Walther Braunner, 45. Dono de dois carros, um popular que ele chama de “carro de plástico” e outro, o xodó da família, um Opala preto 1990, Walther já costuma deixar o “opalão” em estacionamento e até o carro feito pra gastar roda por ai, agora, vai para local fechado se o preço do parquímetro subir.

“Por enquanto compensa deixar o carro na rua por R$ 2,40. A hora em estacionamento está, em média R$ 6, menos da metade, se tiver esse aumento e subir pra R$ 3,30 não vou mais colocar o carro na rua”, avaliou.

A empresária Clarice Alves Marconato, 56, disse não concordar com a cobrança do serviço (Foto: Marcos Maluf)
A empresária Clarice Alves Marconato, 56, disse não concordar com a cobrança do serviço (Foto: Marcos Maluf)

A empresária Clarice Alves Marconato, 56, disse não concordar com a cobrança do serviço. “Tenho um comércio e o parquímetro atrapalha. As obras já atrapalham, é difícil achar estacionamento, é um problema a mais. Se eu usasse gastaria R$ 200 por mês, em estacionamento, com contrato, gasto menos de R$ 150”, afirmou.

Funcionária de serviços gerais, Fátima de Jesus Nunes, 49, frequenta a região duas vezes ao mês e “acha caríssimo” o valor. “Não deveria aumentar, a gente já paga tanto imposto, e mais essa cobrança sem segurança”, considerou ela.

Ricardo Augusto Soto, 38, é funcionário público e também discorda do aumento. “Não concordo com o aumento e vou ao centro 2 vezes por semana, é desproporcional o aumento, nem o salário mínimo subiu tanto, e esse aumento tinha que acompanhar a inflação. Prefiro pagar R$ 8 no estacionamento do que deixar na rua”, comentou.

A autônoma Lucimara Ferreira Melo, 49, mostrou a sacola de compras para indicar os impostos pagos. “Não deveria cobrar porque os consumidores vêm consumir. Já pagamos impostos, não deveria ter mais essa cobrança”, pontuou.

Motorista valida o parquímetro na manhã desta terça-feira (Foto: Marcos Maluf)
Motorista valida o parquímetro na manhã desta terça-feira (Foto: Marcos Maluf)

Decisão – A decisão é do juiz Marcelo Andrade Campos Silva e também obriga o município a pagar indenização à empresa Flexpark pelos anos que o serviço não teve reposição da inflação. O magistrado destaca que o contrato entre a empresa e o município, firmado em 2002, previa revisão anual dos valores, seguindo a variação da inflação, mas alega que durante este período de trabalho houve apenas reajuste em três oportunidades: 2007, 2009 e 2015.

“Não se trata, como faz crer a resposta, de revisão da tarifa por conta de fatos imprevisíveis, que causem desequilíbrio econômico do contrato, mas sim de reajuste anual para preservar o valor econômico da tarifa”, cita na decisão, que foi proferida após ação impetrada pela empresa, em março de 2018.

O Campo Grande News tenta desde ontem contato com advogados e diretores da Flex Park, mas nenhum retorna à solicitação de entrevista. A prefeitura de Campo Grande informou que ainda não teve acesso à decisão, e só irá se manifestar depois.

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