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Capital

Motoristas não percebem, mas Capital tem 16 vias sincronizadas com “onda verde”

Diretor da Agetran explica que motoristas precisam entender o conceito para dirigir de forma mais ágil

Jhefferson Gamarra e Ana Beatriz Rodrigues | 28/07/2023 06:40
Trecho da Rui Barbosa com semáforos abertos com a onda verde (Foto: Alex Machado)
Trecho da Rui Barbosa com semáforos abertos com a onda verde (Foto: Alex Machado)

A implementação do corredor de transporte público na Rua Rui Barbosa, em conjunto com a modernização dos semáforos nas áreas próximas, permitiu a ativação do conhecido sistema de "onda verde", visando proporcionar maior fluidez ao trânsito. Embora seja anunciada como uma novidade, a sincronização de semáforos em Campo Grande já está em funcionamento em outras 16 vias da Capital.

De acordo com a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), além da Rui Barbosa, contam com o sistema de coordenação semafórica a Avenida Afonso Pena; Avenida Mato Grosso; Avenida Fernando Corrêa da Costa; Avenida Calógeras; Avenida Eduardo Elias Zahran; Avenida Júlio de Castilho; Avenida Ceará; Rua 13 de Maio; Rua Pedro Celestino; Rua Padre João Crippa; Rua José Antônio; Rua 13 de Junho; Rua 25 de Dezembro; Rua Bahia e Rua Antônio Maria Coelho.

Apesar do sistema inteligente e eletrônico em uso nas principais vias que cortam a região central e dá acesso a diversas regiões de Campo Grande, motoristas que trafegam diariamente pela Capital são taxativos em dizer que não possuem a sensação de maior fluidez no trânsito com as “ondas verdes”.

Motorista Fabrício Ribeiro, 42 anos, garante que não percebe onda verde na cidade (Foto: Alex Machado)
Motorista Fabrício Ribeiro, 42 anos, garante que não percebe onda verde na cidade (Foto: Alex Machado)

"Eu trabalho andando a cidade toda e não vi onda verde na cidade. Apenas uma ou duas vezes que aconteceu de eu pegar alguns semáforos abertos na Antônio Maria Coelho e na Mato Grosso, mas não algo que pudesse dizer ‘onda verde’, acho que foi mais sorte mesmo", comentou o motorista Fabrício Ribeiro, 42 anos.

A mesma sensação é observada pelo ajudante de motorista Weslley Telles, 22 anos, que “jura” que nunca conseguiu pegar a “onda verde” em Campo Grande, nem mesmo na principal avenida da cidade. “Nunca peguei onda verde em nenhuma avenida, nem na Afonso Pena que dizem que acontece”, disse o jovem.

Mototaxista Obadias Marcos Silva Teres, 53 anos, diz que nunca sentiu a onda verde em Campo Grande (Foto: Alex Machado)
Mototaxista Obadias Marcos Silva Teres, 53 anos, diz que nunca sentiu a onda verde em Campo Grande (Foto: Alex Machado)

Até mesmo quem vive sobre duas rodas e possui experiência de anos rodando pela cidade diz não sentir os efeitos da “onda verde”. "Eu só ouvi falar na televisão, mas pegar onda verde na Rui Barbosa nunca me aconteceu, nem agora com o corredor de ônibus, nem antes. Hoje mesmo fui à rodoviária e passei pela Rui Barbosa, passava um aberto e o resto tudo fechado", contou Obadias Marcos Silva Teres, 53 anos, que há 16 anos trabalha como mototaxista na Capital.

Mesmo com as críticas das pessoas que transitam pela cidade, o diretor-presidente da Agetran, Janine de Lima Bruno, garante que a “onda verde” está em pleno funcionamento em todas as vias citadas na reportagem. Ele alerta que os motoristas precisam entender o conceito para dirigir de forma mais ágil. “A onda verde precisa de dois componentes. A Agetran entra com o componente máquina, fazendo as aberturas na sequência certa, e o segundo é o motorista, que é o componente humano”, frisa Janine.

Diretor-presidente da Agetran, Janine de Lima Bruno, explicando como funciona a onda verde na Capital (Foto: Henrique Kawaminami)
Diretor-presidente da Agetran, Janine de Lima Bruno, explicando como funciona a onda verde na Capital (Foto: Henrique Kawaminami)

Citando surfistas como exemplo, o presidente da agência de trânsito explica que de nada adianta ter uma rua ou avenida como semáforos programados se o motorista acelerar demais ou rodar muito devagar. Segundo Janine, a velocidade ideal para conseguir transitar com a maior parte de semáforos abertos é de 45 km/h.

O motorista tem que andar na onda como se fosse realmente uma onda, igual um surfista. Quando ele vai pegar a onda, ele nada até atingir a velocidade da onda, mas se remar rápido demais perde a velocidade da onda e se remar devagar a onda passa dele. A onda verde é a mesma coisa, tem que andar na velocidade certa, em torno de 45 km/h, se dirigir a 70 km/h o próximo semáforo não vai ter aberto ainda, se andar a 20 km/h vai passar por uns dois semáforos abertos e não vai pegar mais, além disso, segura o motorista de trás que está a 45 km/h. Então, se todo mundo andar certinho, dentro dos 45 km/h, a onda verde funciona muito bem”, explicou.

Além da cinemática para usufruir da “onda verde”, o titular da Agetran explica a diferença entre os sistemas. Existem dois tipos de controladores semafóricos, que são os de tempo fixo e por demanda de tráfego. Ambos são utilizados em Campo Grande, sendo 14 vias com tempo fixo e apenas a Rui Barbosa e Eduardo Elias Zahran operados por demanda de tráfego.

Nos controladores de tempo fixo, o tempo de ciclo é constante e a duração de mudança das fases verde e vermelha são fixos em relação ao ciclo. Com esse modelo, os trechos sempre terão o mesmo tempo de verde e vermelho para cada corrente de tráfego, independentemente da variação do fluxo de veículos que chegam ao cruzamento. A duração dos tempos é calculada em função das características e volumes médios do tráfego no período considerado, podendo ser programados pela Agetran.

“No tempo fixo, a gente programa da maneira que quiser. Posso, por exemplo, fazer um tempo semafórico das 6h às 8h, das 8h01 até às 10h30, e assim por diante, fazendo um plano para o pico da tarde, de madrugada. Então fazemos diversos planos e ele vai mudando automaticamente com o relógio interno, sempre obedecendo ao plano feito para ele”, explicou Janine.

Câmeras instaladas em semáforos para fazer o controle da onda verde por demanda de tráfego (Foto: Alex Machado)
Câmeras instaladas em semáforos para fazer o controle da onda verde por demanda de tráfego (Foto: Alex Machado)

No caso de controladores por demanda de tráfego, feitos em tempo real, são mais complexos e mais caros que os de tempo fixo, por serem providos de detectores de veículos e lógica de decisão. Sua finalidade básica é dar o tempo de “verde” a cada corrente de tráfego de acordo com a sua necessidade, ajustando esses tempos à demanda momentânea de tráfego. Esses semáforos mais inteligentes usam pequenas câmeras em cima do semáforo para fazer o controle.

“As câmeras acompanham automaticamente a movimentação. Por exemplo, quando cai um motociclista e tranca uma faixa, consequentemente começam a formar uma fila de carros. Com isso, ele faz uma leitura e automaticamente e aumenta o tempo de verde de um lado e diminui de outro, sem que os técnicos precisem colocar a mão. Quando volta ao normal, ele volta com a programação anterior. Ele fica o tempo todo se reprogramando para o volume de tráfego”, finalizou o titular da Agetran.

Ainda de acordo com Janine, a intenção é aumentar o número de controladores por demanda de tráfego em Campo Grande, mas por enquanto não há previsão de expandir esse sistema devido ao alto custo para aquisição. No entanto, a estimativa é instalar o sistema em corredores de ônibus que serão entregues na Capital.

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